sexta-feira, 24 de maio de 2013

A Rua e a Grana

A Rua, um lugar de improviso, de desafio, de confronto, de luta...

É o que tem sido para mim desde o começo nas ruas de Buenos Aires, em 1985, e o é até hoje...

Lugar onde comparto com as pessoas momentos brilhantes e outros nem tanto...

Faca de dois gumes, já que valoriza e desvaloriza ao mesmo tempo, numa sociedade em que, por sua heterogenia e sua história, acaba vendo tudo com certo pré-conceito e aonde a mídia tem uma grande parcela de influência nisso.

Acredito que o trabalho de improviso que se utiliza do movimento cotidiano das pessoas acaba servindo como uma teatralização da realidade no momento em que ela acontece...

Depois de tantos anos de “Brincante”, improvisando nas ruas, acabei desenvolvendo a “percepção”, que me permite saber aonde me colocar para ser visto e que ritmo impor para manter a atenção das pessoas.

A grana que eu ganho é conseqüência da qualidade da apresentação. Quanto mais o público se diverte, maior é o meu “cachê” (não deixa de ser orgânico...). Por isso é que muitas vezes  prefiro o confronto das ruas a uma cômoda apresentação “formal”, na qual o dinheiro já está garantido.

O roteiro do meu espetáculo chamado “Na Rua”, que realizo nas escolas e para Secretarias de Cultura Municipais e Estaduais em diversos tipos de espaço, tem como tema central a minha própria realidade de artista de rua e a sobrevivência na base de “rodar o chapéu”.

Espetáculo "Na Rua"

Nas ruas tenho “brincado” bastante com o tema do dinheiro. Às vezes eu pego o dinheiro que uma pessoa me dá e o entrego para outra, ou então se uma pessoa participa da minha brincadeira eu lhe ofereço uma gorjeta. No outro dia dei dois reais para um cara e me mandei. Quando voltei, me disseram que ele foi atrás de mim para me devolver o dinheiro. Ficou me procurando um tempão e eu nem ai...

Eu consigo trabalhar de forma mais leve se deixo de pensar em dinheiro e me concentro só em “brincar”. O legal é a conversa franca que tenho com as pessoas no final, na hora de “rodar o chapéu”, onde ás vezes  acabo inclusive expondo como é que eu me sinto.

Link de Matéria sobre "Artistas de Rua" do programa "Vanguarda News", da TV Vanguarda (07-04-2013)

terça-feira, 7 de maio de 2013

Atividade no “Museu da Vida”, da Fundação Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro...


No Sábado, 27 de Abril, estive no Campus da Fundação Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro.
Fui para o Rio de ônibus,  carregando no bagageiro, além da bicicleta "Berlineta", a"burrinha" e as coisas do espetáculo.

Imagine um lugar onde há cientistas profissionais e “estagiários” realizando uma atividade junto á comunidade, especialmente ás crianças, que tem como tema central “Celebrando o Cérebro...”

A maior parte da atividade feita sobre a grama, onde foram montadas tendas aonde se convidou a discernir sobre o tema... Tinta, papel, cola, bexigas representando neurônios, cérebros em forma de picolé, capacetes com o desenho do cérebro feitos de papel com o “mapa” do mesmo, etc.

Imagine uma Sala aonde a turma dos “Pais da Ciência” nos dá as boas vindas na entrada e no interior encontramos, além de cérebros de gente de verdade conservados em formol, microscópios, tubos de ensaio,  insetos “barbeiros” dissecados, etc.

Ao redor das tendas, na grama, fazem parte da paisagem objetos que comprovam fatos científicos e até uma célula imensa feita em resina onde as crianças ficam brincando. O Campus onde fica a Fundação é abundante em mata e existem ruas que comunicam os diferentes prédios de pesquisa. As pessoas que trabalham no local utilizam bicicletas para se locomover devido às grandes distancias a serem percorridas. Dentro do Campus há até um castelo e museus para visitação. Um “trenzinho da alegria” percorre o parque levando os visitantes.

Fotografando a fotógrafa

O Campus da Fundação Oswaldo Cruz, situado na Avenida Brasil, no Rio de Janeiro, fica encostado a comunidade de Manguinhos, que já fora chamada de “Faixa de Gaza” Carioca, devido ao alto índice de violência e hoje é ocupado por uma “Unidade Pacificadora da PM”. A Fundação mantém vínculo com a comunidade, inclusive empregando pessoas da mesma, oferecendo cursos, etc.

A minha participação no evento foi no Sábado, portanto misturou pessoas da comunidade local junto com famílias de todo tipo que saem passear no final de semana.

Minha função era a de “brincar” no meio dos visitantes de forma de forma integrada com o tema “Celebrando o Cérebro”.
Encostei minha bicicletinha na grama e me maquiei ai mesmo, debaixo de uma árvore. Depois liguei o som preso á minha cintura e sai pedalando entre as pessoas. Fiz mímica e toque flauta, mas quem roubou a cena mais uma vez foi a “burrinha”. Fazer o que? É o poder da Cultura Popular..
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A ver com o tema, acabei achando a relação que existe entre mímica e razão, ao rever conceitos como o peso e o contrapeso, o volume, etc. fundamentais para criar nas pessoas a ilusão de estar manipulando objetos determinados.
Como exemplo de intuição, que é quando usamos o lado esquerdo do cérebro, cito a brincadeira que rolou com uns três meninos de aproximadamente quatro anos de idade em que no final eu digo para eles que eu também era criança ao que eles responderam de forma categórica que eu não era não...


O mais legal da atividade foi ter quebrado várias vezes o protocolo, deixando de ser “o mímico”, para conversar com as pessoas, especialmente as da comunidade, fato que ajuda a compreender melhor a realidade deles...


 Link do Site da FIOCRUZ com a programação do evento http://www.museudavida.fiocruz.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?UserActiveTemplate=mvida&infoid=1859&sid=22

Link de fotos no face https://www.facebook.com/media/set/?set=a.373926492714054.1073741829.306038282836209&type=3