terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Boas festas!

Nesse ano de 2016 acabei não viajando tanto quanto eu queria, mas, “andei” bem mais do que nos anos anteriores, Os meus ganhos vieram mais de trabalhos com contrato do que da colaboração espontânea das pessoas no meu chapéu. As minhas viagens, por menores que foram, serviram para me dar um banho de consciência sobre a situação atual do Brasil e sua história.

A mudança na política, a desconfiança com os políticos, a ignorância das pessoas em matéria de política, enfim, 2016 foi um ano de decepção para muita gente, inclusive para mim. Para complicar, ficou muito mais difícil realizar minhas “brincadeiras” em Campos do Jordão, como estou acostumado, depois que fizeram o calçadão, no centro turístico. Tudo virou lugar comum, de passagem, sem pontos de respiração. Fiquei sem ter espaço para impor surpresa nas minhas intervenções.

Com os cortes de todo tipo de gastos, 2017 não oferece as melhores perspectivas, especialmente, porque o primeiro que cortam é cultura. Ser artista de rua, então, se antes já era desvalorizado, imagina agora...

Em fim, de todas as formas, sempre foi acostumado a conviver com a incerteza e acabei dando um jeito, assim como grande parte do povo brasileiro.

Para o ano que vem tem o projeto da criação de um espetáculo infantil sobre uma lenda do folclore do Brasil, junto com o meu amigo percussionista Moringa Junior e a minha amiga atriz e palhaça Adriana Marques, que dirigirá a história. Tal vez tenha a re-montagem do espetáculo “O Príncipe Feliz”, além de apresentar o meu espetáculo solo “As Peripécias do Mímico Andarilho”.

Continuarei insistindo com minhas intervenções espontâneas de rua. Estou terminando uma boneca Índia de dançar para apresentar a partir da temporada de verão. Aliás, rolou uma coisa interessante que tal vez ponha em prática na rua, nesse final de ano, lá mesmo, em Campos do Jordão, onde me apresento a tanto tempo. Ressuscite o meu personagem “Tangueiro” e alguns objetos do meu antigo espetáculo “Milongas Sentimentais” estão lá.  É um personagem meio canastrão, mas, divertido. Além do mais, o legal, é que o tango tem á sua origem nos cortiços de Buenos Aires. Tudo o que vem da pobreza tem substância, é, as pessoas, estão precisando coisas com substância.

Desejo a todos um final de ano  maravilhoso e um 2017 promissor...



Junto ao meu amigo Edson Aquino e minha boneca "Maria Rosa", antes de performance em Bistrô, em meados de dezembro em Campos do Jordão - SP

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Em terra de Saci...

Pedalar pelas ruas de Taubaté, depois de ler Monteiro Lobato, é realmente emocionante. Vejo os personagens do Sítio do Pica Pau Amarelo perambularem soltos por todos os lados. Desço a rua "Visconde de Sabugosa" para passar de baixo do túnel e dos trilhos do trem. Aliás, minha estada na cidade se resume a isso, atravessar os trilhos para lá e para cá. Cheguei na Sexta feira, perto do meio dia para o meu "passeio cultural" e fui diretamente ao Mercado Municipal, para pegar um pouco do "Chorando na feira". Encostei minha bicicleta carregada e fiquei num cantinho da roda de choro, observando e ouvindo tudo. Caracas, vários instrumentos de sopro, uma flauta, ao que parece, com bocal de ébano, um trompete e dois clarinetes. O regional composto, além dos sopros, por bandolim, violão de sete cordas, pandeiro e cavaquinho. Cadeiras perto da roda dos músicos, onde o público fica sentado, na frente de uma loja de antiguidades, a cinquenta metros do mercado. Para minha surpresa, o senhor do cavaquinho pega um instrumento que eu não conhecia. Trata-se de um "violão tenor", que tem o braço mais fino do que um violão normal e é tocado com quatro cordas. Na parte da frente parece uma viola e soa como um cavaquinho. Delícia de som!

Já era de tarde, quando descobri a enorme ciclovia, que vai desde o centro até a Avenida Itália, no bairro Independência, onde ficam os bares nos quais irei "brincar" um dia desses.

O passeio de bicicleta serviu para costurar duas paixões, a música e a literatura brasileira. Minha meta é a criação de um novo espetáculo infantil de teatro popular. Tudo começou quando tomei conhecimento de Ana Maria Machado e a sua obra infanto-juvenil. Dela fui diretamente para Monteiro Lobato. Aliás, cito um romance e um conto, que unem ambos escritores. "Do outro mundo", de Ana Maria Machado, no qual ela aborda o período da escravidão no Brasil e "Negrinha", conto adulto de Monteiro Lobato, que também trata da escravidão e é um dos temas da prova do Enem.

https://escrevivencia.files.wordpress.com/2014/03/negrinha-monteiro-lobato.pdf



Sítio do Pica Pau Amarelo - Taubaté SP


quarta-feira, 12 de outubro de 2016

A importância de "brincar"


No mesmo formato de outras atividades das quais já participei em São José dos Campos, como o "Recriança", realizado pelo SESI e os festejos do Dia da Criança, realizados pela Prefeitura local, no Parque da Cidade Burle Marx, cheguei de manhãzinha na Praça Doutor Gama, em Birigui, no dia Sábado, 08 de Outubro, para me apresentar no "Brinca Birigui", sob forte sol e clima seco.

"Brinca Birigui" é um evento que acontece todo ano naquela cidade, em comemoração ao dia das crianças,  realizado numa parceria entre o Sindicato das Industrias do Calçado, a Prefeitura, o SESI e o SESC locais.

Sendo contratado pelo SESC, minha tarefa foi simplesmente "brincar" livremente como o faço na rua enquanto mímico, utilizando as vezes a "burrinha" para interagir com o público presente na praça, no meio a uma série de outras atividades que aconteceram em conjunto (shows no palco apresentados por grupos de jovens de escolas da região, brinquedos infláveis, rua de lazer, pintura de rosto, etc.).

"Brinca Birigui 2016"
http://sindicato.org.br/noticias/projetos/sabado-divertido-com-o-brinca-birigui-na-praca

Depois de ter viajado três vezes á região Noroeste do estado nesse ano, em Janeiro, no final de Agosto e agora em Outubro, deu para perceber que as pessoas de lá aceitam bem esse tipo de trabalho, em que o mais importante é o diálogo.

Gostaria  muito de ter conseguido me apresentar também de forma espontânea nas ruas, na base de rodar o chapéu, nas cidades onde passei, o que acabou não rolando. Mas, teve a conversa com os moradores, a observação dos locais e das pessoas, a sensação do clima ambiente, etc.

Dessa vez fui para Araçatuba que fica a dezessete quilômetros de Birigui e onde já tinha apresentado meu espetáculo formalmente pelo SESC. Meu intuito era aproveitar o fato de ter que chegar obrigatoriamente um dia antes do evento por causa do horário do ônibus, observar os locais e realizar intervenções. Sinceramente não senti "firmeza". Durante o dia achei o calçadão de Araçatuba meio apagado apesar do sol forte. Isso, somado ao cansaço da viagem, etc. De noite, pensei em brincar na frente dos restaurantes, já que era sexta feira e, pelo geral, o povo aproveita para sair. Realmente a atual crise econômica bateu forte nas pessoas, um dono de bar me disse que atualmente não consegue vender numa semana o que antes vendia durante um só dia."Eu nunca vi uma crise dessas", ele me diz...

Eu sempre me dei bem em época de crise com meu labor de palhaço, porque as pessoas precisam rir para não pirar. Lembro-me da época do Plano Collor, lá para final da década de 80, em que eu "brincava" no calçadão de Porto Alegre, RS e fiquei até famoso na cidade por causa disso. Também lembro que no final do governo FHC, em que o desemprego era altíssimo, eu ganhava a vida realizando minhas performances espontâneas nos bares e restaurantes de São José dos Campos.

A luz veio a partir da leitura do livro "Teatro para crianças: Problemáticas e solucio-Lunáticas", de Henrique Sitchin, da Companhia Truks, que ganhei do autor, no Último FESTIVALE, quando participei duma oficina de teatro de animação que ele ministrou. O livro refere-se ao universo infantil, no qual, através da brincadeira livre, as crianças expressam o que sentem do mundo ao redor. Vale a pena ter em conta a importância que tem o afeto na vida das pessoas, independente da idade ou condição social, já que nós "sentimos" de acordo como nos tratam.

A pesar da crise de todo tipo que a gente está passando, o palhaço serve para resgatar á criança que mora dentro de nós e tornar a vida mais leve e saudável.


http://mimicoandarilho.blogspot.com.br/p/intervencoes.html

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Festivale 2016 - Teatro e Democracia

De 02 a 11 de Setembro aconteceu o 31° Festivale, que teve como tema central "Teatro e Democracia". Não tem como se pensar em teatro sem democracia, porque ele expressa o anseio coletivo..

No Festivale desse ano, o que a gente viu foram espetáculos que abordam tanto a época das ditaduras militares, onde existiu o autoritarismo, a tortura e o desaparecimento de pessoas, quanto outros que reivindicam os direitos das mulheres, passando por um que mostra o tipico brasileiro malandro chamado "Malasartes", Teatro de Cordel e vários Quixotes, como o da Cia Circo Navegador de São Sebastião. Além de oficinas, palestras, intervenções, etc. Fechando com o espetáculo Galileu Galilei, protagonizado pela atriz Denise Fraga.

https://www.facebook.com/groups/1290244467654792/?fref=ts

A minha participação no Festival deu-se em vários dias de intervenções em lugares estratégicos da cidade e teve como intuito levar tanto a alegria do palhaço popular para as ruas quanto divulgar o evento. Se for pela quantidade de público presente aos espetáculos, acho que cumpri bem o meu papel.

"Teatro e democracia" para mim é assim mesmo, conseguir "brincar" com as pessoas sem ter sido programado, intervir, pegar o gato antes do pulo. Atingir o espontâneo antes do pensamento. Quebrar o gelo com a ingenuidade e a picardia do palhaço. Nem sempre dá certo, porque o improviso é feito de momentos, assim como a vida, mas, apesar do risco, não deixa de ter sua função social. Em todo lugar onde apresento minha "Ação Brincante" alguma pessoa vem falar comigo para dizer que já me assistiu em outra cidade e achou legal. É por mim e pelo público, especialmente pelas crianças, que continuo insistindo nesse mieu labor de "Mímico Andarilho"...

("Aquele que no chão ficar terá que abandonar a cavalaria andante e ficar com a vida pacata dos que não se arriscam pelos seus ideais" - Quixotes - Cia Circo Navegador)

"Quixotes" - Cia Circo Navegador - São Sebastião - SP (Foto de Paulo Amaral)

-"O palhaço representa a gente, por exemplo, quando fica detendo o trânsito no meio da rua e acaba inclusive parando até os próprios agentes de trânsito", me disse um músico, depois da minha apresentação espontânea no Encontro Literário realizado em São Francisco Xavier, no meio desse ano.

https://www.youtube.com/results?search_query=mimico+andarilho+6

Ato democrático ao meu favor, por exemplo, foi quando todo mundo saiu na minha defesa em Campos do Jordão (Público, Garçons, Gerentes de Restaurantes, Vendedores de lotaria, Seguranças das lojas, etc), quando a polícia quis me levar á delegacia porque uma mulher tinha feito um Boletim de Ocorrência sentindo-se ofendida ante minha brincadeira...

Em São José dos Campos, faz poucos meses atrás, presenciei e fiz parte de um ato totalmente democrático, quando a classe artística se mobilizou e encheu a galeria da câmera dos vereadores, para impedir que a lei que implantou o plano municipal de cultura seja assinada com uma série de emendas que mudariam totalmente o sentido de liberdade do texto. Os vereadores, sentindo-se pressionados tiveram que voltar atrás e assinaram o texto original.

Quem faz a democracia são as pessoas, independentemente de partido político ou de religião, quando expressam as suas necessidades e acabam juntando-se a outras pessoas para levantar bandeiras de reivindicação.
Falar em Democracia é falar nos direitos dos cidadãos em geral quanto à moradia, educação, saúde, aposentadoria, etc. .

Foto de Paulo Amaral,. Ao fundo, Intervenção chamada "Cegos", do Núcleo Coletivo, do Laboratório de artes performáticas da USP
https://www.facebook.com/fotografopauloamaral/posts/1113309192084474






quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Viagem ao Noroeste do Estado de São Paulo. (Birigui - Araçatuba - Barretos)

Começando de trás para frente. 
Ida a Barretos

Do lado esquerdo, tudo dinheiro. Do lado direito, dinheiro e mais dinheiro, comentava o jovem que viajou ao meu lado no ônibus circular que faz o percurso desde a cidade de São José do Rio Preto até a cidade de Barretos e vice - versa. Plantações de cana. Hoje os fazendeiros só plantam cana, já que é lucro na certa. Outra pessoa me explicou que só pequenos produtores tem plantações de outro tipo, inclusive cultivam laranja, que antigamente acostumava reinar pela região. Sou "Piloto particular", que é uma profissão que dá dinheiro, me contou o jovem na viagem. Você pode fazer diferentes cursos de pilotagem e cada um habilita para um tipo de serviço. Aqui no campo, tem muitos pilotos de pequenos aviões monomotor que são contratados para jogar "defensores agrícolas" nas plantações de cana. Ele disse que vários amigos dele sofreram graves acidentes por causa da manutenção precária dos aviões.
Dinheiro e mais dinheiro. Em Barretos, é só você entrar no estádio onde é realizado o rodeio e assistir aquele "circo" todo para sentir-se pequeno ante tanta opulência do capital. Tudo é marca e patrocínio, desde o trator que passeia na arena, os outdoors em volta do estádio ou a grande tela que transmite em tempo real ao rodeio. - É a cultura deles, me disse um Índio da tribo dos Pataxós que todo ano está no "Rancho do Peãozinho" vestido a carácter, ensinando sobre a cultura indígena e vendendo produtos "autóctones" para as crianças.

Tudo é compra e venda. Cultura Country. Me fez lembrar os filmes do faroeste e os super heróis dos seriados Norte Americanos. Fiquei apavorado com o comercial que mostra o "Objetivo do Herói Peão", que é participar do "The América", que reúne "Cowboys" de todo o mundo no epicentro que fica nos Estados Unidos. Mais apavorado fiquei com o final do comercial e o hasteamento da bandeira americana. Ai meu Deus, que medo. Fiquei pensando, sempre fomos colônia, seja dos Espanhóis ou Portugueses, dos Ingleses ou dos Americanos. No Brasil, inclusive, a tal divida externa já existia desde a época do Império é o único pais da região que ameaçou ter uma real independência econômica na época, o Paraguai, foi massacrado pela tal "Tríplice Aliança" a mando dos Ingleses, numa dos maiores genocídios da história.

Barulho e mais barulho, acabei compreendendo qual é o motivo de, no meu bairro, o pessoal ficar ouvindo aquelas músicas de duplas sertanejas e etc. naquele volume altíssimo nos seus carros... Acho que eles são simpatizantes de rodeio (rs)... Aquelas letras e melodias fáceis e contagiantes... Bom, cada um tem seu gosto...

Barretos recebe gente do Brasil todo, seja para curtir a festa ou a trabalho. - "Aqui é um lugar para se ganhar ou para se gastar dinheiro", me disse o "Paraná" que é um senhor que todo ano está na festa para trabalhar com seu "Touro mecânico".

Mas como sempre há a exceção á regra, é  bom ressaltar que, apesar do clima de "Disney Word Caipira" reinante no Parque do Peão, existe uma turma que ainda se preocupa em preservar as raízes tanto da cultura caipira, seja a Moda de Viola, a Catira, ou a Chula, por exemplo, como de outras expressões da cultura popular brasileira, como o Forró Pé de Serra, o samba raiz e até mesmo samba-rock brasileiro. Trata-se do pessoal da AGCIP que tem como objetivo ser uma "Parceria Caipira Fomentando a Cultura no Interior Paulista". Pelo palco "Culturando - Folclore em Cena" vi várias atrações, tanto de artistas contratados via edital como de pessoas da comunidade apresentando suas atividades. Lá assisti, por exemplo, a uma comovente apresentação de dança realizada por deficientes visuais, onde a instrutora guiava os quase cegos no palco batendo com um bastão no chão. O mesmo pessoal da AGCIP realiza atividades dentro de numa barraca montada dentro do "Rancho do Peãozinho", onde fiquei alojado, dando um tom "cultural" diferente a festa.

Palco da AGFIP na festa do Peão de Barretos

Eu fiquei lá, argentino, brincando com minha burrinha pernambucana, no Rancho do Peãozinho, dentro da Festa do Peão Boiadeiro de Barretos. Agradeço pela experiência a Renata, coordenadora do rancho, que me contratou, dando total liberdade para eu "brincar" do meu jeito.

Site da AGCIP
http://www.agcip.org.br/videos/festival-folclore-em-cena-etapa-barretos/

Birigui e Araçatuba:

De uma forma simples, sem a bicicleta, carregando os objetos do espetáculo mais a burrinha, figurinos e roupas pessoais para uma semana na estrada,  numa viagem de ônibus desde São José dos Campos até Birigui, com escala em São José do Rio Preto, no auge das Olimpíadas no Rio de Janeiro. Peguei um final de semana de frente fria com forte vento e chuva. A programação do SESC-Birigui incluía uma apresentação do espetáculo Sábado de noite na praça de Birigui e outra na tarde do Domingo em Araçatuba. Em Birigui não rolou em espaço aberto por causa do clima e a gente tentou apresentar na Biblioteca Pública, mas sem sucesso, já que coincidiu com a hora do jogo do Brasil na final do futebol masculino das olimpíadas, com prorrogação, pênaltis, etc. além da forte chuva, o que acaba inibindo as pessoas a sair de casa. No Domingo tinha vários fatores para a apresentação não ter dado certo. O forte vento frio ao qual as pessoas de Araçatuba não estão acostumadas, o fato de já ser final da tarde, e as pessoas já estarem se preparando para irem embora, a instalação ás pressas do som, o cabide com cruzamento de rua que não parava em pé, a insegurança do uso da flauta com microfone ret 7, etc.
Foi realmente bom apesar de todas das dificuldades. Comecei o espetáculo ao ritmo do jazz, de forma espontânea, sem prévio anúncio, interagindo com quem encontrava no caminho, percorrendo os quatro cantos da praça, enquanto o público assistia as situações inusitadas que rolavam. Depois me coloquei na frente do cruzamento da "Rua da Tristeza" com o da Rua da Alegria e narrei a história de cabo a rabo e, no final, agradeci, me apresentei e "brinquei" de burrinha, um dia antes do dia do folclore, que é celebrado no dia 22 de Agosto.

Foto de Amanda Bonetto (SESC - Birigui)
Mais fotos de apresentação em Araçatuba:
https://www.facebook.com/sescbirigui/photos/a.1068168933276261.1073741951.135594836533680/1068169073276247/?type=3&theater

De volta ao hotel, para fechar com chave de ouro o Domingo, assisti ao programa Café Filosófico da TV Cultura, que tinha como tema central a obra do Dom Quixote de la Mancha de Miguel de Cervantes Saavedra. A palestrante, Janice Theodoro, trouxe a imagem do Dom Quixote é o que ela representa para nós na sociedade contemporânea.
Construir uma sociedade justa. Ser crítico consigo mesmo. Obedecer a própria consciência. Aceitar que os "moinhos de vento" estão dentro da gente, referindo-se ao "sonho". Ser, de dentro para fora e não de fora para dentro. Essas foram algumas dos exemplos que foram extraídos da obra, tomando em conta que hoje em dia se dá mais importância ao momento presente, as virtudes do corpo em detrimento das virtudes do espírito. - "São os bens materiais que qualificam o indivíduo, tal vez por isso exista tanta corrupção", ela diz. Finalmente a palestrante conclui: - "A gente precisa desconstruir para ver direito as coisas, desconfiar de si mesmo. Vale a pena rir da gente para dar um passo a frente"...

Link Programa "Café Filosófico"
https://www.youtube.com/watch?v=WpswOwH5Uow

Para mim não é diferente quando vou "brincar" livremente nas ruas conseguindo meus ganhos na base de rodar o chapéu de quando me apresento dentro da programação um SESC. por exemplo. Inclusive o tema do espetáculo é esse. Acabo rindo de mim mesmo, já que faço uma paródia da minha luta pela sobrevivência através do teatro de rua

















quarta-feira, 27 de julho de 2016

Inter Ação

O objetivo é mobilizar, dialogar, interagir. A proposta é o jogo livre, o improviso em contato direto com as pessoas seja qual for o lugar da apresentação, rua, local de trabalho, dentro da escola ou até mesmo numa sala de espetáculos.

“Brincantes”, assim são chamados os personagens dos folguedos populares, os repentistas ou os artistas de teatro de mamulengo.

“Arte ingênua”, porque nasce de um desejo intuitivo e preserva sua característica rústica, o que a torna “popular”.

A arte popular tem uma relação direta com a linguagem da brincadeira livre da criança, pela sua inocência e porque é realizada por impulso, sem tomar em conta aspetos meramente técnicos. Nas artes plásticas temos o exemplo da pintura chamada “Naif” (ingênua), das esculturas das figureiras ou da construção dos bonecões do carnaval.

No meu trabalho existe um estudo de elementos técnicos de mímica, de palhaço, de consciência corporal, de espaço cênico como um todo, etc. Mas a procura é pela linguagem mais pura da criança, o “Homo Ludens”, a criação espontânea.  

Quando vou para rua, “brincar” livremente com as pessoas, o meu desejo é o de mudar o ritmo natural das coisas, melhorando o estado de ânimo, criando autoestima, expondo de uma forma positiva. 

O curioso é que, mesmo estando na rua, o trabalho “acontece” melhor de forma intimista, olho no olho, para grupos menores, talvez porque esta forma facilite a interação.

Estou com dois tipos de atividades com as quais pretendo viajar por diferentes regiões e cidades:

A primeira é a "Ação Brincante", que é a brincadeira livre, na qual uso a mímica, a bicicleta ou a “burrinha”. 

A segunda é a apresentação do espetáculo “As Peripécias do Mímico Andarilho”
A ideia é que, na narração da história, que é feita através de gestos, não se perca a característica do improviso e do contato com a plateia o tempo inteiro. Para isso coloco pessoas no palco, brinco com o inesperado, saio e entro na história, etc. Dando, às vezes, mais importância para o jogo espontâneo do que para a própria história.

http://mimicoandarilho.blogspot.com.br/p/espetaculos.html


“O Mímico Andarilho”, um personagem ingênuo, que resgata o bom trato entre as pessoas e traz uma mensagem sobre a importância de se preservar o Meio Ambiente em que vivemos, valorizando a cultura popular e fortalecendo a autoestima do cidadão.

Foto de Ricardo de Paula





quarta-feira, 6 de julho de 2016

"Terra em Transe"

O legal do último final de semana foi ter assistido ao filme “Terra em Transe”, do Diretor Glauber Rocha, na sede do “AME Campos” (Associação de Amigos de Campos do Jordão), como parte da programação do “Cine Clube Araucária”, coordenado pelo Senhor Cervantes.

Localizada numa bonita casa antiga, ficamos na sala, sentados em confortáveis poltronas, tomando um excelente vinho chileno, o Secretário de Cultura do Município, uma senhora jornalista de uma conhecida revista acompanhada por seu marido, os produtores do evento e mais umas poucas pessoas, inclusive eu.

O filme, digitalizado, foi projetado num telão que ocupava grande parte de uma das paredes, dando o clima de um cinema.

"Terra em transe" é realmente uma “paulada” na cabeça, forte e totalmente atual. Devido a sua linguagem simbólica, me vi na obrigação de recorrer a uma análise feita por estudantes universitários para poder entender melhor a trama.

Lançado em 1967, o filme faz parte do movimento “Cinema Novo”, que tinha o intuito de despertar nos espectadores uma consciência crítica sobre os problemas sociais e políticos que atingiam o país na época. Destacam-se, como características da narrativa, a descontinuidade, da qual a quebra da narrativa linear impõe ao espectador a reflexão sobre o que está sendo exposto; o dinamismo, o excesso de movimentos de câmera e cortes abruptos de cenas; e a desarmonia, ou seja, há um desconforto no espectador diante de uma história “confusa”, que não tem qualquer pretensão de orientar ou controlar a interpretação da obra. O engajamento para combater a miséria e a desigualdade, o caráter paternal que anestesia as mazelas da pobreza, a indiferença passiva que está alienada de tais elementos, a repugnância que desencadeia toda esta situação, todos diretamente relacionados com o cotidiano pobre, dependentes dos votos e da ignorância das massas. A questão agrária, colocada por Glauber, pano de fundo de toda a questão da terra no Brasil, parece se apropriar de certos elementos do passado para construir sua representação. A alusão à formação das Ligas Camponesas no nordeste, que no governo de João Goulart teve os seus ensaios com a formação da Superintendência da Reforma Agrária (SUPRA). No filme, o cineasta buscou representar a questão da violência no campo, deslocando sua crítica para a incapacidade das massas de organização política e suas dependências paternalistas de setores ligados ao poder.
Porfírio Diaz, como seu correspondente histórico, simboliza a alegoria do político corrupto e oportunista, que muda de lado conforme o vento, e perpetua-se no poder com o auxílio dos setores mais reacionários, com o sacrifício da população mais carente e despossuida. Felipe Viera, político de "Alecrim", província periférica de “El Dorado”, é porta voz da reação ao jogo político simbolizado por Porfírio Diaz. Têm um tom paternalista e é um demagogo de grande influência nas massas. Mas Vieira, ao tornar-se governador de Alecrim, mostra sua fraqueza de caráter, escondendo-se atrás de um discurso conciliador com as forças reacionárias, abandonando a aliança que tinha construído com a população, especialmente com os camponeses.


Figura fortíssima a de Paulo Autran, como Porfírio Diaz, que, empunhando uma bandeira numa mão e um crucifixo na outra, conclama olhando para a câmera: - “A sociedade brasileira é feita de classes! A que classe você pertence, hein? A que classe?(...)”


Paulo Autran  em "Terra em transe"




E lá estou eu, ingênuo, com meu palhaço no meio da rua, em Campos do Jordão, tentando alegrar a massa, acreditando no meu Brasil amado. E lá está o grande senhor Cervantes, distribuindo consciência e cultura, fazendo política entre os ricos e os pobres de espírito. Para mim, seu “Cervantes”, os moinhos de vento ficaram realmente indestrutíveis e está cada dia mais difícil enfrentá-los, mas, mesmo assim, continuo lutando...


quarta-feira, 18 de maio de 2016

Atividade no “Ocupa Atibaia” 2016 da “Incubadora de Artistas”

Nesse último final de semana fiz a minha participação no terceiro “Ocupa Atibaia”, projeto idealizado pela “Incubadora de Artistas”, que premia aproximadamente dez trabalhos que são realizados no transcurso do ano. O bacana é que o objetivo da atividade é a interferência urbana, o seja, a arte de rua, mesmo. Vai haver grafite, Hip Hop misturado com samba, Pintura em Muro, Mosaico, etc. sendo que várias dessas atividades acontecem nos bairros da periferia.

Minha participação consistiu na realização do “Ação Brincante”, no Sábado e a apresentação do espetáculo “As Peripécias do Mímico Andarilho”, no Domingo, em praça pública, na área central da cidade.

O mais bacana foram às intervenções do Sábado, onde sai pedalando minha bicicleta brincando com tudo o que achava pela frente, num percurso indicado pelos organizadores, que me acompanharam e registraram a atividade. O contato com as pessoas simples que achei nas praças, no ponto de ônibus urbano da rodoviária ou nas ruas do centro foi bem espontâneo e agradável, tanto para elas quanto para mim.

Foto de Ricardo De Paula





 A Incubadora de Artistas funciona como uma galeria de arte que expõe trabalhos de artistas da região e de outros lugares. A exposição é visitada por alunos de escolas e público em geral e se renova continuamente. Outras atividades organizadas pela Incubadora são o Festival de Nanometragem, o Festival “Cobertor de orelha” e a “Festa do Saci”.


Em Atibaia conservam-se várias construções antigas, como a do hotel em que fiquei hospedado, que foi construído em 1932, e que, segundo Vitor, um dos sócios da Incubadora, já abrigou artistas do Movimento Modernista.

Atibaia, cujo nome de origem Tupi aparentemente faz referencia a água é um lugar pacato, de uns 120.000 habitantes, onde as pessoas que moram na grande cidade vão descansar ou ter um calmo lazer. Lá tem uma comunidade japonesa forte e acontece a Festa das Flores e Morangos.


Lá eu brinquei de arte popular e gostei...

"Quanto mais alto o cargo, maior o rombo" -
Arte urbana na frente de uma construção tombada no centro de Atibaia


sexta-feira, 6 de maio de 2016

Nas ruas da "Minha Cidade"

Aceitar ser “Palhaço de porta de loja” por dois dias seguidos, pode ser visto como um sinal de que a situação não está nada fácil, mas, por outro lado, o bom do fato é que me coloca em contato com o povão em geral, que transita cotidianamente ás ruas da cidade.

Num cenário de “compra-vende” ao qual já estou acostumado, em Campos do Jordão, vários promotores ficam nas calçadas das lojas oferecendo seus produtos. Minha sorte foi de que a loja onde eu estava era a última antes da esquina, ficando, portanto, perto do sinal e da faixa de pedestres e, ainda por cima, tendo o privilégio de ter do outro lado da rua uma grande calçada sem lojas que pertence ao antigo prédio da Câmara Municipal.

Meu objetivo foi o de usar o espaço como um todo, aproveitando tanto calçada da frente da loja, como a do outro lado da rua, assim como também o cruzamento, e a própria rua e os veículos automotivos, as bicicletas e as pessoas que transitam pela mesma.

Uma sopa de gente de todas as idades e tribos, de largos sorrisos e de muitas dores.

Meu ponto de chegada e de partida era à frente da loja que me contratou, onde ficam os promotores anunciando para os transeuntes “Vamos fazer o teste da visão gratuito!”, tentando convencê-los a entrar.

Usei como trilha sonora o som de jazz de rua de sempre, utilizando a minha caixinha amplificada presa á cintura, o que permite locomover-me junto ao som. No primeiro dia levei a bicicleta antiga e no segundo a “Burrinha". Nos dois toquei algumas músicas que sei de cor na minha flauta transversal.

Realizei o trabalho de várias formas, de acordo com a necessidade. Umas vezes fiquei apenas parado na frente da loja, brincando, fazendo palhaçadas com pequenos gestos faciais. Em outras imitei as pessoas que passavam, tanto na calçada da loja, como as que circulavam do outro lado da rua. Com a burrinha, sai pulando ao som de Jackson do Pandeiro por tudo quanto lugar. Com a flauta toquei várias músicas, mas as que funcionaram melhor foram o “Carinhoso” de Pixinguinha e um forró que toco enquanto estou de burrinha.

Ficar na rua, exposto, na cidade do interior onde você mora, é um barato. Acabei cruzando um monte de gente que conheço ou me conhece, sejam amigos, conhecidos, amigos do meu filho, artistas, produtores culturais, etc.

O mais importante do trabalho é o contato com as pessoas no geral, seja na atenção dispensada a alguém mais velho que vem contar alguma anedota, ou simplesmente mantendo a postura pacífica, alegre e desconsertante do palhaço, figura com a qual, de alguma forma, todos se identificam.

Encontrei gente perdida, gente achada, de todas as idades, de todas as cores, de todas as alegrias, de todas as dores. De todo gênero. Vários tipos de amores. Com as crianças pequenas, é claro, a mais pura magia...

O momento mais legal de todos foi quando uma criança de uns oito anos de idade veio tirar uma foto comigo para comemorar o sucesso do seu transplante de medula e a cura da sua leucemia.


Junto a meu amigo e músico Maciel Junior

Definitivamente, não sou nada estranho para o público de São José dos Campos, já que levo mais de quatorze anos por aqui e já fiz infinidades de coisas, desde apresentar-me em dezenas de escolas e eventos oficiais, até “brincar” espontaneamente nos bares da cidade, sempre levando a alegria do palhaço junto a linguagem da mímica e da cultura popular...






quarta-feira, 27 de abril de 2016

Feriadão de Tiradentes em Campos do Jordão

Sim, não está nada fácil. É claro que com tudo o que está acontecendo no país, que está submergido numa profunda crise econômica, política, moral, etc. o ânimo das pessoas, nas ruas, não podia ser dos melhores. Inclusive o meu ânimo, sabendo que no geral, meus conceitos são diferentes dos do público que frequenta Campos do Jordão.

Arte da convivência. Como palhaço, acabo acreditando no ser humano, independente da sua condição econômica. No meu trabalho de interação, no qual fico solto, “brincando” no meio do povo, a relação mais forte e verdadeira acontece com as crianças bem pequenas, que são as que menos entendem do “social”, portanto, as mais espontâneas. Elas são muitas vezes as que devolvem a alegria que alguns adultos me tiram...

Foto de Fernando Carvalho


Uma coisa interessante que rola no meio do trabalho é o diálogo com algumas pessoas.

Um grupinho de jovens que tinha curtido bastante a brincadeira, vendo a reação de outros que ficaram sérios, me disse: “O brasileiro anda meio chato”...

Um casal, que estava sentado numa mesa de um restaurante, depois de dar-me vinte reais, me disse: “Brasil precisa de gente que traga alegria como você o faz”...

Uma conhecida que trabalha numa loja de venda de chocolates, disse em tom pessimista: “A internet fez as pessoas menos bacanas”. Acho que ela se referia a falta de comunicação.


Falando em internet. Um grupo de professoras de educação artística do ensino fundamental me deu uma dica interessante para entender porque muitas vezes as crianças ficam coladas em mim quando estou na rua, o que acaba atrapalhando meu serviço. Elas disseram que é por causa da convivência quase exclusivamente com a tela, seja do computador, do celular, etc. onde elas ficam “coladas” e inclusive acabam interagindo.

Uma coisa legal que aconteceu nesses dias é que meu projeto do "Mímico Andarilho na estrada" foi um dos 11 selecionados pela "Incubadora de Artistas" da cidade de Atibaia e fará parte da programação do "Ocupa Atibaia"  durante um final de semana na cidade, junto a grafiteiros, muralistas, contadores de histórias, etc.

http://www.incubadoradeartistas.com.br/?red=http%3A%2F%2Fwww.incubadoradeartistas.com.br%2Fnoticia.php%3Fid%3D169%26sd%3Dfalse&sd=false

quarta-feira, 30 de março de 2016

Arte Independente

Em época de crise a primeira coisa que o governo e as empresas cortam são os subsídios a manifestações artísticas. Esse ano, por exemplo, não terá “Virada Cultural Paulista”, da qual participei das últimas duas edições e o “Festival Literário da Mantiqueira” será realizado de forma independente, com a iniciativa da comunidade de São Francisco Xavier junto com artistas da região.

Se em São José dos Campos a prefeitura parou de contratar eventos artísticos, imagine como será em municípios de menor porte, inclusive tratando-se de ano de eleições para prefeito. A Fundação Cultural de São José, por exemplo, tem destinada verba só para ganhadores dos Editais “Circulação” e do “Fundo Municipal de Cultura”. 

O que me resta é esperar a maré da crise política passar para concretizar o meu anseio que é viajar mais. Por enquanto, o jeito e virar-me  no chapéu, como sempre fiz, trabalhando de forma independente para os turistas que frequentam Campos do Jordão.

Lugar turístico é mais o menos assim, as pessoas ficam sentadas em bares e restaurantes, ou então andando, tirando fotos de tudo e se mostrando, formando juntas um mesmo bolo de gente. É por causa disso que as minhas apresentações acontecem melhor quando o lugar está mais vazio, como foi no último feriado da Páscoa, onde acabei conseguindo meu objetivo só nos últimos dois dias, em que estava mais tranqüilo para interagir. 

Fiquei “brincando” como mímico, em meio a crianças, adolescentes, adultos, idosos, cachorros, policiais, vendedores de bilhetes de loteria, etc. conseguindo agradar todos eles.



Me senti a própria raposa na fábula "A corte do Leão" de La Fontaine, que tem como moral da história, o seguinte:



"Se acaso na corte puderes entrar,
Faz sempre teu jogo com pau de dois bicos,
Terás a certeza de ali agradar"...





Como prêmio consolo, tive o privilégio de assistir a vários filmes de arte no Cine Clube Araucária, iniciativa do Senhor Cervantes e de outros cinéfilos moradores de Campos. O que mais gostei foi “Séraphine”, belo filme co-produção Franco-Belga dirigida por Martin Provost, que conta a história da desconhecida pintora autodidata Séraphine Senlis.

O Cine Clube Araucária acontece pelo geral no Espaço Cultural Dr. Além (Antigo Cine Glória) situado na Avenida Doutor Januário Miraglia 1462, Vila Abernéssia, Campos do Jordão, SP.

Maiores informações sobre a programação:
https://www.facebook.com/cineclube.araucaria?fref=ts

Cartaz do filme


terça-feira, 15 de março de 2016

Atividade no "Teatro da Aldeia" em São José dos Campos

Entre a tristeza e a alegria,
Entre o medo e a fé,
Perambula meu sorriso de palhaço...
Vou para as ruas,
Sendo impulsionado por uma louca emoção infantil.
Sou ingênuo,
Fico exposto,
Muitas vezes a deriva.
As crianças pequenas são minhas cúmplices e minhas aliadas,
Nessa aventura do incerto.
“Andarilho do nariz vermelho”,
Tendo como ferramenta simplesmente o meu corpo,
Sobrevivo muitas vezes da vontade alheia,
Recolhendo meus ganhos no chapéu ou na minha caneca,
como faço agora com vocês...

Esses versos, recitados no final de “As Peripécias do Mímico Andarilho” eu os escrevi a pedido de Adriana Barja, que foi quem me orientou nessa nova aventura de reformulação de espetáculo, que culminou com uma apresentação seguida de um Workshop realizado no “Teatro da Aldeia”, onde ela é uma das responsáveis.

Como o tenho feito em várias cidades do Cone Leste Paulista, pela Secretaria do Estado da Cultura, ao longo desses anos, desde 2009, essa atividade de “Formação de Público” atingiu alunos de nível intermediário de teatro.

Foto de Adriana Barja

Legal também foi o debate após o espetáculo onde rolaram perguntas interessantes, como a de uma moça, que quis saber qual era a diferencia de apresentar no Brasil a  de faze-lo na Argentina, a qual respondi que nenhuma, que a real diferença é a de você apresentar para gente pobre ou para gente com um poder adquisitivo maior. Comentei de que no Brasil o povo da periferia é bem parecido, seja no Estado de São Paulo ou no Maranhão, por exemplo.

Minha intenção é que essa atividade seja um pontapé inicial para uma nova etapa na qual pretendo viajar mais, levando meu trabalho para diferentes cidades, me apresentando tanto em lugares fechados de um jeito formal, como na rua, de forma espontânea, como o faço em Campos do Jordão.


Foto de Renato David oliveira

Segundo Adriana, o espetáculo tem potencial para ser apresentado em palco, mas eu pretendo dar umas palinhas dele nas ruas, apresentando-me como “palhaço flautista” e deixando fluir elementos da história junto ao improviso livre com o público.

Mas fotos sobre a atividade:
https://www.facebook.com/media/set/?set=a.824056571034375.1073741840.306038282836209&type=3&uploaded=14


quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Espetáculo Interativo de Viagem

“As Peripécias do Mímico Andarilho”

Aproveitando as cenas que funcionam do meu espetáculo chamado “Na Rua”, mantendo e reforçando a mensagem do mesmo, e, ainda, contando com a colaboração da minha amiga palhaça e atriz Adriana Barja, que está orientando essa nova “Andança”...

“As Peripécias do Mímico Andarilho” traz consigo um anseio antigo, que é o de ter uma estrutura com pouquíssimos recursos, que permita locomover-me com maior facilidade, valorizando mais a expressão através do corpo e incorporando elementos da cultura popular, como o são o chorinho, o samba e as valsas populares.

O  link abaixo é de um improviso, tocando flauta, que realizei nas ruas de São José dos Campos, há um tempo atrás...

Estou estudando um repertório utilizando bases gravadas por músicos de  regional de choro que o amigo Flautista Paulinho, de Ubatuba, deixou e eu acabei pegando com seu filho, Rafa. O choro, assim como o jazz tem tudo a ver com o meu trabalho, já que é totalmente rítmico e proporciona o improviso.

O Espetáculo:

“As Peripécias do Mímico Andarilho”, apresenta uma paródia sobre a figura do palhaço popular que se enche de ânimo para chamar a atenção e estabelecer um diálogo com as pessoas nas ruas através do jogo do improviso livre, tendo como cenário o cruzamento da “Rua da Tristeza” com a “Rua da Alegria”.

Foto de André Marchezinni

  
O espetáculo “As Peripécias do Mímico Andarilho” junto à “Ação Brincante, com o Mímico Andarilho” faz parte do projeto “Mímico Andarilho na estrada”, que pretende levar a linguagem do palhaço popular para diferentes regiões do estado de São Paulo e outros estados do Brasil.


Deixo a continuação os links de dois vídeos gravados já faz um tempo que mostram a interação com o público, tanto na “Ação Brincante”, como no Espetáculo.

O primeiro é de espetáculo realizado durante o FESTIVALE, em São José dos Campos, SP,


O Segundo é uma edição de uma filmagem que realizei eu mesmo junto com o público de Campos de Jordão.


Mais informações, na página do Facebook:
https://www.facebook.com/MimicoAndarilho/

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

"Na Estrada"

Dizem que viajar fortalece o coração, pois trilhar novos caminhos faz esquecer o anterior... (Litto Nebbia)

Viajar, sair por aí levando a alegria do palhaço popular. Conhecer lugares e pessoas diferentes. Mudar de ares, realizando tanto minhas intervenções espontâneas de rua como apresentando o espetáculo “As Peripécias do Mímico Andarilho”. A “Burrinha”vai comigo, já que tem sido a minha grande parceira de brincadeira.

Estou querendo ir, por exemplo, para o Planalto Central e, quem sabe, dar um pulo no Mato Grosso, no Pantanal...

Quando cheguei ao Brasil, na década de ’80, nos dois primeiros anos, fui nômade, ficando no máximo três meses em cada lugar, vivendo das minhas brincadeiras espontâneas como mímico-palhaço popular. 

Comecei pelo Nordeste, depois fui para Minas, passando por Brasília e indo para o Rio. Fui para o Sul, estive em Curitiba, mas no paralelo ’30, “Porto Alegre”, parei, pois era minha sina... Morei lá três anos, e me fiz conhecido com minhas apresentações no calçadão. Isso foi na época do Plano Collor. As pessoas tensas e eu quebrando o gelo,para deixá-las tenras...

Em estilo jazzístico tenho levado minha vida.  enfrentado o povo e transformando crise em alegria
Não sobra muito, mas nada falta. Cumprindo minha parte, na arte, como meu coração manda...

São José dos Campos, SP é o meu endereço e o meu Porto. Daqui eu saio e aqui eu vorrto.


Mímico Andarilho em trânsito...


terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Experiência bacana no dia do aniversãrio da cidade de São Paulo

Olha só, fui resgatado de um final de semana não tão bom em Campos do Jordão pelo pessoal de uma agência de publicidade localizada em São Paulo que precisava de um mímico para realizar um material de amostra de campanha para um possível cliente deles. Isso, justo na data do aniversário da Metrópole. Acabei trocando a montanha pela cidade grande num mesmo Feriadão. Imagina a diferença entre estar livre e solto na rua para "brincar" com o povo e estar dentro de um estúdio localizado na sala de um apartamento tendo aproximadamente um metro e cinquenta por oitenta centímetros para movimenta-se, realizando um trabalho estritamente técnico.


"O Mini Palco"

Ao principio  foi meio estranho, mas depois, na medida que o corpo foi aquecendo, tudo começou a fluir com naturalidade. Vieram todos aqueles recursos do mímico, as dicas de Eduardo Coutinho, os olhares espontâneos da rua, etc. Um exercício meio que matemático que serviu para afirmar á importância  tanto do treino do corpo para aprimorar a técnica, como do treino da repetição para melhorar as cenas.



Caretas e bocas 2016 



E vamos trabalhar...

domingo, 17 de janeiro de 2016

Festival de Janeiro, "Teatro para criança é o maior barato", São José do Rio Preto, SP



Experiência legal essa de participar de festivais de teatro. Você assiste a espetáculos das mais diversas linguagens de grupos de várias cidades do Brasil, inclusive de outros estados. É incrível ver tanta gente que batalha pelo aprimoramento e divulgação do seu trabalho, viajando centenas de quilômetros, pelo geral com condução própria, carregando elenco, cenários, etc.


“São José do Rio Preto respira teatro”, foi o que uma moça me disse, já que ali acontecem vários festivais, inclusive um internacional...

Talvez isso explique a qualidade dos grupos da região, entre os quais estão a própria “Cia Fábrica de Sonhos", organizadora do evento.

Os grupos de São Paulo e Região do ABC, participantes do festival, pelo geral são formados por gente jovem que estudou ou estuda  na Escola SP de Teatro, na Escola Livre de Santo André,  na EAD ou na ECA da USP.

Eu dei prioridade á programação infantil e tive o prazer de me deliciar tanto com espetáculos que incentivam a exploração da palavra e o uso da poesia ás crianças, como  com outros de linguagem circense e de teatro de Mamulengo. 

Mamulengo "Sem Fronteiras", foto de Sérgio Menezes

A minha atividade na programação do festival foi a “Ação Brincante”, com a qual realizei percursos “brincando” pela ruas da cidade com meu personagem “Mímico Andarilho”,  pedalando minha bicicletinha, que nem o tenho feito em outros festivais.


Foto de Sérgio Menezes

Deu até para testar minha nova estrutura de espetáculo, onde me apresento como palhaço flautista. E não é que tantas horas de estudo de música estão começando a dar resultado...?

https://www.facebook.com/MimicoAndarilho/?fref=ts


quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Feliz Ano Novo de 2016!

Bom, nesse novo ano que acaba de começar, com certeza, trabalharei tanto quanto ou ainda mais do que no ano anterior, como qualquer outro trabalhador brasileiro.

Para os palhaços as crises são provas de fogo, já que nossa função é levar alegria para as pessoas...

Estou ensaiando uma nova estrutura de espetáculo solo, na qual carrego pouquíssimos objetos de cena, pensando em facilitar minha locomoção para lugares diferentes, inclusive cidades distantes de São José dos Campos, onde eu moro.

"As Peripécias do Mímico Andarilho".
Espetáculo Interativo para todas as idades

O figurino volta a ser o de mímico-clown. A diferencia está em que em principio me apresento como flautista, para depois desenvolver histórias de pantomima, fazendo participar o público. No final deixo uma mensagem sobre a importância de preservar o meio ambiente em que vivemos.

O sentido do trabalho continua sendo o de resgatar valores como o do bom trato entre as pessoas, a cidadania e a auto-estima.

Com essa estrutura, mais a minha pequena bicicleta “Berlinetta”, parto Domingo para o Festival “Em Janeiro, Teatro para Crianças é um barato”, a ser realizado na cidade de São José do Rio Preto, SP, onde desenvolverei minha “Ação Brincante” pelas ruas de lá. 


Divulgação do FESTIVALE pelas ruas de São José dos Campos, SP
Foto de Fernando Carvalho