domingo, 29 de janeiro de 2017

Sim, é possível...

Ainda existem lugares na noite de São José dos Campos em que é possível realizar o trabalho de interação. Prova disso, foi a última noite de sexta feira, em que saí para “brincar” livremente. Fui de bicicleta, carregando meu material de trabalho e a boneca de dançar “Maria Antônia”. Para dar certo, precisa de espaço de respiração, ou seja, certa distância com o público para estabelecer o diálogo. Escolhi um local novo, perto do centro, que reúne todas as qualidades. É aberto e com mesas na calçada. Fica num cruzamento de ruas não tão movimentadas, então dá para trabalhar com o movimento das ruas e assim chamar a atenção das pessoas que estão sentadas às mesas. O que ajudou também foi que o músico, que estava realizando um som ao vivo, entrou na brincadeira e topou improvisar junto. Não é sempre que isso acontece. Grande Renato, que conheci na horinha e deu má força. Parecíamos uma dupla ensaiada. Sim, a arte de rua pode ser realmente mágica, e quem o faz possível é quem está assistindo, como em todo tipo de arte cênica.

Depois disso desci o morro até a Vila Maria, onde “brinquei” no bar do Português, como antigamente. Lá é muito bacana, já que é povoado de pessoas simples. Aliás, infelizmente, é o melhor público para se lidar, já que não tem frescuras. Digo isso porque com os mais “requintados” tem ficado bem mais difícil o diálogo. Na zona nobre, onde fui na sequência, as pessoas de classe média se escondem detrás das vitrines, em estabelecimentos que parecem gaiolas de vidro ou confinamentos do “Big Brother”. Juro que não é preconceito. É o que acontece com as cidades quando crescem, vão perdendo a ingenuidade, a boa característica de serem do interior. Mesmo assim, encontrei, aqui ou acolá, uns lugares para infiltrar-me (palhacinho dos olhos verdes). Consegui arrancar risadas de pessoas chiques e comentar de que ainda vale a pena valorizar o lado humano.



Foto tirada por Thunder Dellú. No bar "Português", junto com a boneca "Maria Antônia",feita pelo Mestre Piauiense "Afonso Miguel".

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

“Tomara que não chova”

“Com você parece que é diferente. Minha mulher não gosta desse tipo de brincadeira de ficar sendo imitada, mas acabou sentindo-se bem com a sua presença do lado dela”. “Tem uns caras que encarnam na gente que chega dar raiva”. “O palhaço é realmente bem bacana e não é para qualquer um...” Essas, mais ou menos, foram às palavras de elogio de um senhor morador da cidade de Cruzeiro, de passeio em Campos do Jordão, no último Domingo.

O objetivo sempre tem sido esse mesmo, com ou sem crise, interagir com as pessoas de um jeito que elas se sintam valorizadas, independente da idade ou condição social, unir, humanizar.

Não é nada fácil, porque para dar certo, a gente acaba dependendo de vários fatores, como o são o lugar, as pessoas presentes ao local, o clima ambiente, etc. e, principalmente o estado de ânimo do palhaço (rs).

Gosto desse desafio de ter que estar bem para passar uma energia positiva para as pessoas, tarefa que requer grande força de vontade, nessa luta pela sobrevivência, de uma forma honesta, sem um fim meramente lucrativo.

E o ano de 2017 começou com incertezas para tudo mundo. Para mim teve uma grande novidade, já que consegui realizar uma performance diferente com meu antigo personagem tangueiro, utilizando parte do cenário do meu espetáculo “Milongas Sentimentais”, numa esquina de Campos do Jordão, sem precisar rodar o chapéu, já que as pessoas colocavam espontaneamente dinheiro na minha caneca de papel. Foi uma felicidade enorme descobrir essa nova possibilidade para por em prática na próxima temporada de inverno.


Com o fundo do Boulevar Geneve - Em Campos do Jordão, onde "brinco" desde 1994