Recebi uma proposta informal de uns amigos de uma companhia
de teatro da cidade de Caraguatatuba para dar uns toques sobre mímica e clown
para um grupo recém formado de jovens que pretendem levar alegria a pacientes
em hospitais.
Pensando sobre o que eu poderia passar de melhor para eles,
cheguei á conclusão de que é a minha experiência sobre a exposição do palhaço.
Conseguir ficar simplesmente exposto na frente das pessoas pode parecer fácil,
mas é muitíssimo difícil, já que requer não fazer nada, ficar vazio, não
pensar, simplesmente sentir o corpo e se deixar levar. Estar aberto a o que
“der e vier” requer coragem. Esse contato é mágico e tem a ver com a linguagem
da criança menor de cinco anos, que age pelo impulso vital.
Tudo bem, quando vou interagir livremente com o público nas
ruas nem sempre consigo ficar nesse “ponto de equilíbrio”, especialmente no
meio da multidão, onde a tendência é a dispersão, por isso prefiro me
apresentar para grupos pequenos, onde é mais fácil criar certa intimidade.
Sexta feira passada, no último final de semana do Festival de Inverno de Campos
do Jordão, teve um momento bem interessante em que apareceu “o clown” com muita
espontaneidade, quando parei na calçada, enfrente a uma árvore e, percebendo
que estava sendo observado por uma família, meio que fiz um sinal dando
passagem para a árvore. Foi um momento inusitado para mim, para a família e para as
pessoas que passavam pelo lugar. O palhaço é isso mesmo, sutileza pura...
Foto: Mel Braga (São Sebastião SP) |
Realmente eu acredito nesse tipo de trabalho, sem esquema
pré- estabelecido, onde o palhaço parece abrir a porta da rua para as pessoas
se sentirem livres para brincar...