domingo, 22 de agosto de 2021

De Volta á Interação Presencial...

 

Foi no dia 08 de Julho de 2021.

O condutor do carro é Alex, um rapaz negro que fica ouvindo seu fone de ouvido enquanto eu faço perguntas.  - Como tem sido a pandemia para você? - Sempre realiza esse percurso?  - Em qual área você trabalha?  Aos poucos ele vai se envolvendo com nossa conversa até deixar seu estúdio completamente de lado.  

Responde: - Eu não parei, sou da linha de frente; trabalho como enfermeiro numa unidade de saúde que atende pessoas com HIV na cidade posterior a Mogi das Cruzes. Faço essa viagem direto e aproveito para estudar enquanto dirijo. Tem sido bem difícil porque nossa função é dar conforto às pessoas que sofrem preconceito, pelo geral colocando a mão nelas, acariciando-as. Só que agora não pode...

Conto-lhe que sou mímico e estou indo realizar meu primeiro trabalho de interação com público desde o começo da pandemia, falo do meu isolamento, do home Office, dos perrengues dos primeiros meses, da força recebida de tanta gente, da minha horta e de como era antes de tudo isso.

Ele fica entusiasmado com a ideia de plantar e me disse que o futuro é esse ai, às pessoas juntando-se para fazer hortas comunitárias sem o uso de agrotóxico. Também fez críticas ao governo dizendo que não adiantava falar em imunidade de rebanho sem vacina. Deixou-me na frente da fábrica japonesa onde eu ia realizar a apresentação sem cobrar pela carona de “Blablacar”.

- “É minha contribuição para seu chapéu virtual por levar alegria para o povo que tanto precisa...”.

A Brincadeira na fábrica foi muito legal. À máscara de amarrar que eu arranjei funcionou perfeitamente com o sorriso desenhado com uma caneta especial para tecidos por cima dos meus lábios. O público riu como se eu estivesse “de cara limpa”.

Na volta, outra carona do mesmo aplicativo com outra pessoa negra; Fernanda, que por coincidência também trabalha num hospital, só que na área de informática. Conversa vai, conversa vem e ela e ela acaba confessando que ao ver tanta dor e sofrimento no seu serviço, a pandemia a fez refletir chegando a conclusão que o nosso maior capital é a saúde. Contou-me histórias da sua avó, Falou em memória, em ancestralidade, em “sentido da vida”. 

Chegando a São José dos Campos, deixou-me no ponto do ônibus. Puxei minha carteira para acertar o preço combinado e ela pediu para guarda-la alegando que a carona já estava paga...

 

                                                               Louco de Felicidade...

 

                                                                 

 

 

quarta-feira, 19 de maio de 2021

Vacinado!

 

Finalmente, Vacinado!

Quatorze meses se passaram desde que realizei a última apresentação “presencial” e tenho mais é que agradecer por ter chegado até aqui sem ter contraído essa doença que tem deixado rasto de dor e perda para tanta gente.

Tenho a sorte de ter recebido o apoio tanto de amigos como de instituições como a Fundação Cultural Cassiano Ricardo, que está dando suporte para a classe artística da cidade em que moro, inclusive, pagando para passar espetáculos já gravados de forma online na plataforma deles.

O novo desafio em tempos pandémicos tem sido lhe dar com um novo tipo de formato de apresentação que se limita a tela de um notebook ou celular.

Uma das vantagens da internet e a possibilidade de incluir a participação pessoas que se encontram em diferentes lugares do mundo. Isso aconteceu no mês de março, na VI Mostra de Mímica Contemporânea - Corpo Bienal III, organizada pelo Núcleo Angatu da cidade de São Paulo, da qual tive a honra de fazer parte como “Mímico-Palhaço” de rua.

Link da Mostra no Youtube: https://www.youtube.com/playlist?list=PLhI4fFvIefwkr9yXnu_LjavpiY0L9hhv_

Enquanto à linguagem, a pandemia me trouxe a descoberta do vídeo documentário como uma forma de manter vivo meu labor de intercomunicador das ruas. Acabamos de estrear “De Bela Vista a Santana, Redescobrindo São José com o Mímico Andarilho”, que é produto de contrapartida do Edital “Culturas Populares e/ou Artes de Rua”, do Fundo Municipal de Cultura de São José dos Campos, SP.

Link de vídeo documentário:  https://www.youtube.com/watch?v=Ac_el1inpgA&t=67s

O momento atual me trouxe também reencontros e novas parcerias, como a do relato que segue a continuação...

“Uma vez estava passando pelo calçadão de Curitiba e minha filha de três anos avistou um mímico que brincava com seu cachorrinho imaginário. Ela me disse: - Mãe, a corda parece de verdade”. Essas foram às palavras de Inecê, lembrando como me conheceu, acho que no ano de 1988, se não me falha a memória. Na época eu era realmente “andarilho”. O certo é que o tempo passou e muitas águas rolaram desde aquele primeiro encontro. Juro que não a reconheci quando me achou  no facebook

Fala daqui, fala de lá e, segundo ela, a minha passagem na cidade acabou gerando inquietude em várias pessoas que começaram sair “brincar” nas ruas depois de ter conhecido meu trabalho. Hoje, Inecê tem uma companhia de teatro Lambe Lambe que realiza periodicamente um festival de teatro de rua que nesse ano, por causa da pandemia, está acontecendo de forma online. O certo que ela acabou me convidando a participar do festival como “Mímico Andarilho”, num encontro com o universo do teatro Lambe Lambe, apresentando um mini documentário onde entrevisto Ana Piu, artista portuguesa radicada na cidade de Campinas, SP

A Bienal de Teatro Lambe Lambe acontece entre os dias 16 a 22 de Maio de 2021 pelas plataformas do Facebook e Youtube da Bienal.

Links:

https://www.facebook.com/bienal.lambe

https://www.youtube.com/results?search_query=bienal+de+teatro+lambe+lambe