PROCESSO DE TRABALHO E COLABORADORES

O meu trabalho é baseado no improviso, utilizando as técnicas de mímica e clown em contato direto com o público. No processo de montagem de um espetáculo, vou improvisar tomando em conta o lugar onde se desenvolve a história, os objetos de mímica que vou trabalhar e como vou me movimentar no espaço da cena com relação ao ritmo e ao contato com o público.
No caso da montagem do espetáculo “Milongas Sentimentais”, que possui texto, o corpo acompanha a palavra e cada personagem tem um tipo de movimentação caraterística. Por exemplo: existe "o gaucho" que tem um movimento mais arrastada e inclusive a sua fala é devagar. Ele remete aos pampas, onde o espaço é extenso e plano.


"O Gaucho Argentino", inspirado no Martin Fierro de José hernandez

 O “Compadrito”, tem uma movimentação firme e precisa, no compasso do tango, sendo seu texto formado por trechos de letras e jargões do tango. Como cenário, utilizo um biombo com fundo de pano azul o qual eu mesmo vou trocando na mudança dos personagens. 

Para criação desse espetáculo contei com a colaboração de vários artistas: Conceição Acioli, mestre de teatro popular pernambucana –já falecida – que criou o cenário e o figurino. Carlinhos Deusdeth, artista cearense que ajudo a acabar o cenário e o figurino. Mayr Mendes, artista amazonense – hoje radicado na França - que fez a boneca dançarina tangueira a qual uso na peça e Eduardo Coutinho, professor de mímica da ECA – USP, que auxiliou na linguagem corporal. Além de outros tantos que ajudaram o espetáculo acontecer, como André Santiago, que na segunda edição do "Milongas", acompanhou quase todo o processo de apresentação do espetáculo tanto nas escolas como em teatro, etc. auxiliando na luz quando precisou, no cenário, no figurino, na operação do som, no transporte dos materiais, etc.


"o compadrito" - dançando com boneca confecionada por Mayr Mendes


Meu amigo e assistente, aderecista, bonequeiro... André, em apresentação no ICBEU em SJC


O processo de criação do espetáculo “Na Rua” já é diferente, já que me propus fazer um espetáculo sem palavras, com a menor quantidade de objetos em cena e com a participação ativa do público. No começo utilizei um cenário pintado por meu amigo “Gonzaguinha” usando como base o biombo do “Milongas Sentimentais”.


"Gonzaguinha" - pintando o primeiro cenário do "Na Rua"

 O personagem carregava seus pertences num carrinho de feira que continha um caixote de madeira pesada como base, usando inclusive um cabide para pendurar coisas, que, no seu faz-de-conta, era um lampião de rua. Como figurino usava uma calça comprida que no meio do espetáculo tirava ficando de bermuda de bolinhas e a camiseta era de cor cinza escuro.
O primeiro "Na Rua" com cenários e adereços do "Gonzaguinha"
 Com o decorrer do espetáculo tirei o biombo, o carrinho de feira, o caixote e o lampião; usando como cenário só uma mala a qual eu vou virando de várias posições durante a história. Como figurino o personagem veste bermudas e a camiseta é de uma cor bem mais clara que no começo. Na linguagem, tive mais uma vez o auxilio do mestre Eduardo Coutinho que deu toques que ajudaram a melhorar a  mímica e nos cenários contei com André Santiago, que reformou a mala e acompanhou todo o processo de ensaios depois dos toques de Eduardo, além de me acompanhar nas escolas e em outros locais de apresentação.


Apresentação no "Festivale 2010" em SJC utilizando a mala como cenário, adaptada por André Santiago


Com a intenção de aproximar cada vez mais o espetáculo ao trabalho que desenvolvo espontaneamente nas ruas e facilitar a locomoção do mesmo, o "Na Rua" teve uma última reformulação. Hoje, com o nome de "As Peripécias do Mímico Andarilho", utilizo como cenário só o lampião como o cruzamento da Rua da Tristeza com o da Rua da Alegria e uma pequena mala para carregar os objetos de cena. Para essa última versão contei com a orientação da atriz palhaça e diretora teatral Adriana Marques.



Apresentação na cidade de Araçatuba, pelo SESC - Unidade Birigui, SP, 08/2016. (Foto Massato Ito)



Além dos espetáculos está o improviso livre que nunca deixei de realizar nas ruas e que muitas vezes é o que dá meu sustento no chapéu. Para isso utilizo a mímica livre, a “burrinha” e a “boneca dançarina”. A burrinha, a herdei do mestre piauiense Afonso Miguel, e é obra do Mestre Pernambucano Sauba dos Bonecos.

Entre os colaboradores - sem duvida – o que mais tem me ajudado é André Santiago - fotógrafo e artista plástico joseense, que acompanha minhas "andanças" desde o ano de 2004.



Arte  de Andre no saco em que carrego a burrinha feita em tecido, garrafa pet e material reflexivo

Reforma de malinha para adaptação do espetáculo a bike


Outros Colaboradores:
-Atul Trivedi, curador do Festivale.
-Ana Maria Carvalho, que fez o figurino do espetáculo “Na Rua”
-Thiago Mild, que criou toda a parte visual do espetáculo “Na Rua”
- Juliano Maurer, que substituiu André, quando este não esteve presente em S.J.C.
-Seu “Bené,” do grupo piraquara da FCCR de SJC que fez a nova estrutura da burrinha.
- Flávia D’avila e Chris Lobato que filmaram o espetáculo “Na Rua”
-Brandão, que filmou e editou os filmes do espetáculo “Na Rua”
-Marcelo, do Shopping Boulevar Geneve em Campos do Jordão com o qual deixo meus pertences enquanto trabalho.
-Zé Braz, amigo que me hospeda em Campos do Jordão.
-Tantos Outros que me ajudaram...
-Além de todas as pessoas que colaboram com meu chapéu nas ruas e sem as quais seria impossível desenvolver meu trabalho.




Meu amigo Marcelo, que guarda minhas coisas na sua loja no shopping Boulevar Geneve em Campos do Jordão

Meu amigo "Zé Braz" - que me hospeda na sua casa em Campos faz anos.