quarta-feira, 18 de maio de 2016

Atividade no “Ocupa Atibaia” 2016 da “Incubadora de Artistas”

Nesse último final de semana fiz a minha participação no terceiro “Ocupa Atibaia”, projeto idealizado pela “Incubadora de Artistas”, que premia aproximadamente dez trabalhos que são realizados no transcurso do ano. O bacana é que o objetivo da atividade é a interferência urbana, o seja, a arte de rua, mesmo. Vai haver grafite, Hip Hop misturado com samba, Pintura em Muro, Mosaico, etc. sendo que várias dessas atividades acontecem nos bairros da periferia.

Minha participação consistiu na realização do “Ação Brincante”, no Sábado e a apresentação do espetáculo “As Peripécias do Mímico Andarilho”, no Domingo, em praça pública, na área central da cidade.

O mais bacana foram às intervenções do Sábado, onde sai pedalando minha bicicleta brincando com tudo o que achava pela frente, num percurso indicado pelos organizadores, que me acompanharam e registraram a atividade. O contato com as pessoas simples que achei nas praças, no ponto de ônibus urbano da rodoviária ou nas ruas do centro foi bem espontâneo e agradável, tanto para elas quanto para mim.

Foto de Ricardo De Paula





 A Incubadora de Artistas funciona como uma galeria de arte que expõe trabalhos de artistas da região e de outros lugares. A exposição é visitada por alunos de escolas e público em geral e se renova continuamente. Outras atividades organizadas pela Incubadora são o Festival de Nanometragem, o Festival “Cobertor de orelha” e a “Festa do Saci”.


Em Atibaia conservam-se várias construções antigas, como a do hotel em que fiquei hospedado, que foi construído em 1932, e que, segundo Vitor, um dos sócios da Incubadora, já abrigou artistas do Movimento Modernista.

Atibaia, cujo nome de origem Tupi aparentemente faz referencia a água é um lugar pacato, de uns 120.000 habitantes, onde as pessoas que moram na grande cidade vão descansar ou ter um calmo lazer. Lá tem uma comunidade japonesa forte e acontece a Festa das Flores e Morangos.


Lá eu brinquei de arte popular e gostei...

"Quanto mais alto o cargo, maior o rombo" -
Arte urbana na frente de uma construção tombada no centro de Atibaia


sexta-feira, 6 de maio de 2016

Nas ruas da "Minha Cidade"

Aceitar ser “Palhaço de porta de loja” por dois dias seguidos, pode ser visto como um sinal de que a situação não está nada fácil, mas, por outro lado, o bom do fato é que me coloca em contato com o povão em geral, que transita cotidianamente ás ruas da cidade.

Num cenário de “compra-vende” ao qual já estou acostumado, em Campos do Jordão, vários promotores ficam nas calçadas das lojas oferecendo seus produtos. Minha sorte foi de que a loja onde eu estava era a última antes da esquina, ficando, portanto, perto do sinal e da faixa de pedestres e, ainda por cima, tendo o privilégio de ter do outro lado da rua uma grande calçada sem lojas que pertence ao antigo prédio da Câmara Municipal.

Meu objetivo foi o de usar o espaço como um todo, aproveitando tanto calçada da frente da loja, como a do outro lado da rua, assim como também o cruzamento, e a própria rua e os veículos automotivos, as bicicletas e as pessoas que transitam pela mesma.

Uma sopa de gente de todas as idades e tribos, de largos sorrisos e de muitas dores.

Meu ponto de chegada e de partida era à frente da loja que me contratou, onde ficam os promotores anunciando para os transeuntes “Vamos fazer o teste da visão gratuito!”, tentando convencê-los a entrar.

Usei como trilha sonora o som de jazz de rua de sempre, utilizando a minha caixinha amplificada presa á cintura, o que permite locomover-me junto ao som. No primeiro dia levei a bicicleta antiga e no segundo a “Burrinha". Nos dois toquei algumas músicas que sei de cor na minha flauta transversal.

Realizei o trabalho de várias formas, de acordo com a necessidade. Umas vezes fiquei apenas parado na frente da loja, brincando, fazendo palhaçadas com pequenos gestos faciais. Em outras imitei as pessoas que passavam, tanto na calçada da loja, como as que circulavam do outro lado da rua. Com a burrinha, sai pulando ao som de Jackson do Pandeiro por tudo quanto lugar. Com a flauta toquei várias músicas, mas as que funcionaram melhor foram o “Carinhoso” de Pixinguinha e um forró que toco enquanto estou de burrinha.

Ficar na rua, exposto, na cidade do interior onde você mora, é um barato. Acabei cruzando um monte de gente que conheço ou me conhece, sejam amigos, conhecidos, amigos do meu filho, artistas, produtores culturais, etc.

O mais importante do trabalho é o contato com as pessoas no geral, seja na atenção dispensada a alguém mais velho que vem contar alguma anedota, ou simplesmente mantendo a postura pacífica, alegre e desconsertante do palhaço, figura com a qual, de alguma forma, todos se identificam.

Encontrei gente perdida, gente achada, de todas as idades, de todas as cores, de todas as alegrias, de todas as dores. De todo gênero. Vários tipos de amores. Com as crianças pequenas, é claro, a mais pura magia...

O momento mais legal de todos foi quando uma criança de uns oito anos de idade veio tirar uma foto comigo para comemorar o sucesso do seu transplante de medula e a cura da sua leucemia.


Junto a meu amigo e músico Maciel Junior

Definitivamente, não sou nada estranho para o público de São José dos Campos, já que levo mais de quatorze anos por aqui e já fiz infinidades de coisas, desde apresentar-me em dezenas de escolas e eventos oficiais, até “brincar” espontaneamente nos bares da cidade, sempre levando a alegria do palhaço junto a linguagem da mímica e da cultura popular...