Aceitar ser “Palhaço de porta de loja” por dois dias
seguidos, pode ser visto como um sinal de que a situação não está nada fácil,
mas, por outro lado, o bom do fato é que me coloca em contato com o povão em geral, que
transita cotidianamente ás ruas da cidade.
Num cenário de “compra-vende” ao qual já estou acostumado, em
Campos do Jordão, vários promotores ficam nas calçadas das lojas oferecendo
seus produtos. Minha sorte foi de que a loja onde eu estava era a última antes da
esquina, ficando, portanto, perto do sinal e da faixa de pedestres e, ainda por
cima, tendo o privilégio de ter do outro lado da rua uma grande calçada sem lojas que
pertence ao antigo prédio da Câmara Municipal.
Meu objetivo foi o de usar o espaço como um todo,
aproveitando tanto calçada da frente da loja, como a do outro lado da
rua, assim como também o cruzamento, e a própria rua e os veículos automotivos,
as bicicletas e as pessoas que transitam pela mesma.
Uma sopa de gente de todas as idades e tribos, de largos
sorrisos e de muitas dores.
Meu ponto de chegada e de partida era à frente da loja que
me contratou, onde ficam os promotores anunciando para os transeuntes “Vamos
fazer o teste da visão gratuito!”, tentando convencê-los a entrar.
Usei como trilha sonora o som de jazz de rua de sempre,
utilizando a minha caixinha amplificada presa á cintura, o que permite
locomover-me junto ao som. No primeiro dia levei a bicicleta antiga e no
segundo a “Burrinha". Nos dois toquei algumas músicas que sei de cor na minha
flauta transversal.
Realizei o trabalho de várias formas, de acordo com a
necessidade. Umas vezes fiquei apenas parado na frente da loja, brincando, fazendo palhaçadas com
pequenos gestos faciais. Em outras imitei as pessoas que passavam,
tanto na calçada da loja, como as que circulavam do outro lado da rua. Com a
burrinha, sai pulando ao som de Jackson do Pandeiro por tudo quanto lugar. Com a
flauta toquei várias músicas, mas as que funcionaram melhor foram o “Carinhoso”
de Pixinguinha e um forró que toco enquanto estou de burrinha.
Ficar na rua, exposto, na cidade do interior onde você mora, é
um barato. Acabei cruzando um monte de gente que conheço ou me conhece, sejam amigos,
conhecidos, amigos do meu filho, artistas, produtores culturais, etc.
O mais importante do trabalho é o contato com as pessoas no geral, seja na atenção dispensada a alguém mais velho que vem contar alguma anedota, ou simplesmente mantendo a postura pacífica, alegre e desconsertante do palhaço, figura com a qual, de alguma forma, todos se identificam.
Encontrei gente perdida, gente achada, de todas as idades, de todas as cores, de todas as alegrias, de todas as dores. De todo gênero. Vários tipos de amores. Com as crianças pequenas, é claro, a mais pura magia...
O momento mais legal de todos foi quando uma criança de uns oito anos de idade veio tirar uma foto comigo para comemorar o sucesso do seu transplante de medula e a cura da sua leucemia.
O mais importante do trabalho é o contato com as pessoas no geral, seja na atenção dispensada a alguém mais velho que vem contar alguma anedota, ou simplesmente mantendo a postura pacífica, alegre e desconsertante do palhaço, figura com a qual, de alguma forma, todos se identificam.
Encontrei gente perdida, gente achada, de todas as idades, de todas as cores, de todas as alegrias, de todas as dores. De todo gênero. Vários tipos de amores. Com as crianças pequenas, é claro, a mais pura magia...
O momento mais legal de todos foi quando uma criança de uns oito anos de idade veio tirar uma foto comigo para comemorar o sucesso do seu transplante de medula e a cura da sua leucemia.
Junto a meu amigo e músico Maciel Junior |
Definitivamente, não sou nada estranho para o público de São José dos Campos,
já que levo mais de quatorze anos por aqui e já fiz infinidades de coisas, desde
apresentar-me em dezenas de escolas e eventos oficiais, até “brincar”
espontaneamente nos bares da cidade, sempre levando a alegria do palhaço junto a linguagem da mímica e da cultura popular...
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