terça-feira, 24 de junho de 2014

Em homenagem a São João

Num Domingo ensolarado, festejamos São João, na apresentação da minha ex-companheira Silvia Nery, no belíssimo Parque Vicentina Aranha, em São José dos Campos- SP.

“O Boi Encantado” conta o enredo em que Catirina, estando grávida, fica com desejo de comer a língua do boi mais bonito da fazenda.
Baseado no auto do Bumba meu Boi do Maranhão, Silvia mantém a atenção da plateia com sua simpatia, suas caretas, sua dança e sua voz. O espetáculo conta ainda com a participação ativa das crianças.

Tendo a trilha sonora executada ao vivo pelo do mestre Denílson de Paula, tive o privilegio de participar dessa apresentação, dando apoio, como músico e brincante.
Grande São João, que trouxe paz a nossos corações e nos fez reviver momentos maravilhosos, em que cantávamos e encantávamos Silvia e eu, quando apresentávamos o espetáculo “A Pastora Marcela”, sendo dois palhaços populares, nas escolas das periferias, tanto de São Paulo Capital, como de São José dos Campos.

Assim como nasce, é batizado e depois morre, para renascer novamente no ano seguinte, a tradição do bumba meu boi representa a roda da vida.

Nascido no “Morro do Querosene”, em São Paulo, e com grande influência do auto do Bumba meu Boi, Diego, filho de Silvia, que também é meu, agradece com certeza o bom convívio dos pais.

Viva São João!!!

Foto de Doris Donini

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Minha "Virada Cultural" do dia a dia...

Nossa! Como trabalhei... Ensaiei durante semanas para me apresentar na Virada Cultural Paulista de São José dos Campos, para a qual meu espetáculo foi selecionado. A minha cozinha virou minha sala de ensaios. Marquei apresentações na Mostra de Teatro Independente em Caraguatatuba e na escola do meu bairro, para ir treinando com público. A cada ensaio fui tomando um aprecio maior pelos objetos do espetáculo. Parece que quando a gente mais se relaciona, mais eles tomam vida.

Na necessidade de uma estrutura que de certa forma me proteja e me fortaleça, tenho ensaiado, fazendo um estudo de ações precisas no espaço, num ritmo determinado, no diálogo direto com a plateia.

Se para existir qualquer tipo de diálogo precisa-se de certa distancia, num diálogo de gestos, o público primeiro tem que entender o código, tanto numa “brincadeira livre” nas ruas como dentro duma história determinada.

A minha vivência de ator tem misturado saídas para rua, onde não existem limites, já que vou ao “Deus dará”, improvisar na no meio das pessoas, com a estruturação de um espetáculo.

Nas ruas vou ao confronto, sabendo que meu trabalho não gera riquezas, já que teatro não é comercio. Me considero um operário teatral...

Acredito que o fato de me sentir tão atraído pelo personagem “mendigo” seja a minha origem pobre e minha luta pelo sustento, como palhaço de rua.

Apaixonei-me pelos livros de Jorge Amado, escritos na década dos ’30, lendo vários livros deles, como “Capitães de Areia”, “O país do Carnaval” e “Cacau”, mas o que mais me marcou foi “Suor”, onde, tendo como cenário um Cortiço, ele mostra a realidade de Salvador nessa época.
Em “suor”, aparece um personagem que mora debaixo da escada, e que é o único que não paga aluguel. Ele tem um ratinho de estimação que nem o meu personagem do “Na Rua”.

Na futura montagem “Do Príncipe Feliz”, junto com minha amiga Vivian Rau, estou adaptando a história de Oscar Wilde para dois personagens mendigos.

Em fim, Charles Chaplin e os moradores de rua, as crianças menores de cinco anos e os cachorros vira-latas, tem sido minha fonte de inspiração, nessa minha sobrevivência através da arte, com altos e baixos...

Primeira versão do espetáculo "Na Rua" - Praça Afonso Pena em S.J.C. - SP, 2006