quarta-feira, 30 de outubro de 2019

Teatro/Comunidade

Paralelo a faculdade UNIP, do outro lado da estrada, pela marginal da Dutra, por uma estreita rua chamada “Paraíso”, que fica escondida no canto de um motel, subindo toda vida, da para chegar no bairro Rio Comprido. Bairro este disputado pelos municípios de São José dos Campos e Jacareí, sem que nenhum dos dois queira se fazer cargo do mesmo.

Rio Comprido que é considerado bairro “irregular” por ser uma ocupação, foi um dos escolhidos para fazer parte de nosso projeto “Dois Brincantes e o Príncipe Feliz na Praça do Bairro” (Teatro/Comunidade), do Fundo Municipal de Cultura da cidade de São José dos Campos, do qual sou proponente.

A atividade no bairro ocorreu em várias etapas. A primeira vez cheguei de bicicleta para realizar o trabalho de reconhecimento de campo. Apresentei-me para dois moradores que me deram as boas vindas apresentando me o bairro.Cheguei no grande terreno baldio que fica no meio das casas e é chamado de “campo de futebol” onde realizaremos nossa apresentação. Depois visitei a escola municipal e dei uma sondada de leve nas ruelas escondidas do entorno.

Na segunda vez conheci o “Geninho”, atual presidente da associação do bairro, que ainda não tem sede própria e o seu vice, “Seu Dantas”, que é dono de mercadinho. Eles ficaram de elaborar uma carta de interesse para ser apresentada às autoridades competentes, para a qual se comprometeram a mandar fazer carimbo e tudo para dar seriedade à coisa. Nessa ocasião fui apresentado ao Danilo, morador duma das casas encostadas no campinho, que veio ser peça fundamental para o sucesso de nosso evento.

Na terceira vez fui realizar uma intervenção teatral durante a semana, convidando as pessoas a assistirem nosso espetáculo no Sábado. Comecei pela escola, onde, acompanhado pela diretora, entrei nas salas de aula tocando chorinhos na minha flauta transversal, acompanhando as bases da minha caixinha de som amplificada de cintura. No mesmo dia, na parte da tarde, com o apoio de Danilo, sai de bicicleta fazendo palhaçadas pelas ruas do bairro, utilizando minha caixinha de som, tanto para executar uma alegre trilha de jazz de rua quanto para falar ao microfone com os moradores.

Na quarta vez, já no final de semana, chegamos para realizar o espetáculo com o grupo todo. André colocou sua camionetazinha de forma de poder operar o som de dentro dela por causa da possível chuva. Seu Pedro deixou o seu furgão, que é nosso transporte, no outro canto do terreno. Nos estabelecemos debaixo da uma árvore que fica na frente de uma das casas encostadas na horta comunitária. Tivemos que recolher pedras de “nosso palco” e os bancos, emprestados pela diretora da escola para nossa platéia se acomodar, foram equilibrados driblando os buracos do terreno. Apesar da nossa pequena estrutura de som e cenário, foi difícil fazer participar os moradores. Finalmente começamos nossa apresentação para uma pequena platéia Heterogenia, formada por crianças e adultos. Foi servido cachorro quente e refrigerante para as crianças, iniciativa da própria comunidade.

Quando a peça chegou ao fim, nosso público bateu palmas para sim mesmo, já que tudo mundo sentiu-se parte do evento.

Cabe ressaltar que a associação de bairro mandou fazer um logo e nos entregou a carta que solicitamos em papel timbrado.

Teatro Popular