Paralelo a faculdade UNIP, do outro lado da estrada, pela
marginal da Dutra, por uma estreita rua chamada “Paraíso”, que fica escondida
no canto de um motel, subindo toda vida, da para chegar no bairro Rio Comprido.
Bairro este disputado pelos municípios de São José dos Campos e Jacareí, sem
que nenhum dos dois queira se fazer cargo do mesmo.
Rio Comprido que é considerado bairro “irregular” por ser
uma ocupação, foi um dos escolhidos para fazer parte de nosso projeto “Dois
Brincantes e o Príncipe Feliz na Praça do Bairro” (Teatro/Comunidade), do Fundo
Municipal de Cultura da cidade de São José dos Campos, do qual sou proponente.
A atividade no bairro ocorreu em várias etapas. A primeira
vez cheguei de bicicleta para realizar o trabalho de reconhecimento de campo.
Apresentei-me para dois moradores que me deram as boas vindas apresentando me o
bairro.Cheguei no grande terreno baldio que fica no meio das casas e é chamado
de “campo de futebol” onde realizaremos nossa apresentação. Depois visitei a
escola municipal e dei uma sondada de leve nas ruelas escondidas do entorno.
Na segunda vez conheci o “Geninho”, atual presidente da
associação do bairro, que ainda não tem sede própria e o seu vice, “Seu
Dantas”, que é dono de mercadinho. Eles ficaram de elaborar uma carta de
interesse para ser apresentada às autoridades competentes, para a qual se
comprometeram a mandar fazer carimbo e tudo para dar seriedade à coisa. Nessa
ocasião fui apresentado ao Danilo, morador duma das casas encostadas no campinho,
que veio ser peça fundamental para o sucesso de nosso evento.
Na terceira vez fui realizar uma intervenção teatral durante
a semana, convidando as pessoas a assistirem nosso espetáculo no Sábado.
Comecei pela escola, onde, acompanhado pela diretora, entrei nas salas de aula
tocando chorinhos na minha flauta transversal, acompanhando as bases da minha
caixinha de som amplificada de cintura. No mesmo dia, na parte da tarde, com o
apoio de Danilo, sai de bicicleta fazendo palhaçadas pelas ruas do bairro,
utilizando minha caixinha de som, tanto para executar uma alegre trilha de jazz
de rua quanto para falar ao microfone com os moradores.
Na quarta vez, já no final de semana, chegamos para realizar
o espetáculo com o grupo todo. André colocou sua camionetazinha de forma de poder
operar o som de dentro dela por causa da possível chuva. Seu Pedro deixou o
seu furgão, que é nosso transporte, no outro canto do terreno. Nos
estabelecemos debaixo da uma árvore que fica na frente de uma das casas encostadas na horta comunitária. Tivemos que recolher pedras de “nosso palco” e os bancos, emprestados pela diretora da escola para nossa platéia se
acomodar, foram equilibrados driblando os buracos do terreno. Apesar da nossa
pequena estrutura de som e cenário, foi difícil fazer participar os moradores.
Finalmente começamos nossa apresentação para uma pequena platéia Heterogenia,
formada por crianças e adultos. Foi servido cachorro quente e refrigerante para
as crianças, iniciativa da própria comunidade.
Quando a peça chegou ao fim, nosso público bateu palmas para sim mesmo, já que tudo mundo sentiu-se parte do evento.
Cabe ressaltar que a associação de bairro mandou fazer um
logo e nos entregou a carta que solicitamos em papel timbrado.
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