segunda-feira, 2 de junho de 2014

Minha "Virada Cultural" do dia a dia...

Nossa! Como trabalhei... Ensaiei durante semanas para me apresentar na Virada Cultural Paulista de São José dos Campos, para a qual meu espetáculo foi selecionado. A minha cozinha virou minha sala de ensaios. Marquei apresentações na Mostra de Teatro Independente em Caraguatatuba e na escola do meu bairro, para ir treinando com público. A cada ensaio fui tomando um aprecio maior pelos objetos do espetáculo. Parece que quando a gente mais se relaciona, mais eles tomam vida.

Na necessidade de uma estrutura que de certa forma me proteja e me fortaleça, tenho ensaiado, fazendo um estudo de ações precisas no espaço, num ritmo determinado, no diálogo direto com a plateia.

Se para existir qualquer tipo de diálogo precisa-se de certa distancia, num diálogo de gestos, o público primeiro tem que entender o código, tanto numa “brincadeira livre” nas ruas como dentro duma história determinada.

A minha vivência de ator tem misturado saídas para rua, onde não existem limites, já que vou ao “Deus dará”, improvisar na no meio das pessoas, com a estruturação de um espetáculo.

Nas ruas vou ao confronto, sabendo que meu trabalho não gera riquezas, já que teatro não é comercio. Me considero um operário teatral...

Acredito que o fato de me sentir tão atraído pelo personagem “mendigo” seja a minha origem pobre e minha luta pelo sustento, como palhaço de rua.

Apaixonei-me pelos livros de Jorge Amado, escritos na década dos ’30, lendo vários livros deles, como “Capitães de Areia”, “O país do Carnaval” e “Cacau”, mas o que mais me marcou foi “Suor”, onde, tendo como cenário um Cortiço, ele mostra a realidade de Salvador nessa época.
Em “suor”, aparece um personagem que mora debaixo da escada, e que é o único que não paga aluguel. Ele tem um ratinho de estimação que nem o meu personagem do “Na Rua”.

Na futura montagem “Do Príncipe Feliz”, junto com minha amiga Vivian Rau, estou adaptando a história de Oscar Wilde para dois personagens mendigos.

Em fim, Charles Chaplin e os moradores de rua, as crianças menores de cinco anos e os cachorros vira-latas, tem sido minha fonte de inspiração, nessa minha sobrevivência através da arte, com altos e baixos...

Primeira versão do espetáculo "Na Rua" - Praça Afonso Pena em S.J.C. - SP, 2006

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