Nesse ano de 2016 acabei não viajando tanto quanto eu queria,
mas, “andei” bem mais do que nos anos anteriores, Os meus ganhos vieram mais de trabalhos com contrato do que da colaboração espontânea das
pessoas no meu chapéu. As minhas viagens, por menores que foram,
serviram para me dar um banho de consciência sobre a situação atual do Brasil e
sua história.
A mudança na política, a desconfiança com os políticos, a
ignorância das pessoas em matéria de política, enfim, 2016 foi um ano de
decepção para muita gente, inclusive para mim. Para complicar, ficou muito mais
difícil realizar minhas “brincadeiras” em Campos do Jordão, como estou
acostumado, depois que fizeram o calçadão, no centro turístico. Tudo virou lugar
comum, de passagem, sem pontos de respiração. Fiquei sem ter espaço para impor
surpresa nas minhas intervenções.
Com os cortes de todo tipo de gastos, 2017 não oferece as
melhores perspectivas, especialmente, porque o primeiro que cortam é cultura.
Ser artista de rua, então, se antes já era desvalorizado, imagina agora...
Em fim, de todas as formas, sempre foi acostumado a conviver
com a incerteza e acabei dando um jeito, assim como grande parte do povo
brasileiro.
Para o ano que vem tem o projeto da criação de um espetáculo
infantil sobre uma lenda do folclore do Brasil, junto com o meu amigo
percussionista Moringa Junior e a minha amiga atriz e palhaça Adriana Marques,
que dirigirá a história. Tal vez tenha a re-montagem do espetáculo “O Príncipe
Feliz”, além de apresentar o meu espetáculo solo “As Peripécias do Mímico
Andarilho”.
Continuarei insistindo com minhas intervenções espontâneas
de rua. Estou terminando uma boneca Índia de dançar para apresentar a partir da
temporada de verão. Aliás, rolou uma coisa interessante que tal vez ponha em
prática na rua, nesse final de ano, lá mesmo, em Campos do Jordão, onde me
apresento a tanto tempo. Ressuscite o meu personagem “Tangueiro” e alguns
objetos do meu antigo espetáculo “Milongas Sentimentais” estão lá. É um personagem meio canastrão, mas,
divertido. Além do mais, o legal, é que o tango tem á sua origem nos cortiços
de Buenos Aires. Tudo o que vem da pobreza tem substância, é, as pessoas, estão
precisando coisas com substância.
Desejo a todos um final de ano maravilhoso e um 2017 promissor...
Junto ao meu amigo Edson Aquino e minha boneca "Maria Rosa", antes de performance em Bistrô, em meados de dezembro em Campos do Jordão - SP |