Não posso deixar de dar importância ao fato de “rodar o
chapéu”, inclusive porque, em maior parte, é a colaboração espontânea do
público, em Campos do Jordão, que tem me sustentado neste ano tão difícil.
Olha só, do meu primeiro trabalho institucional neste ano,
no começo do mês de Agosto, surgiu a proposta para eu ajudar a montar uma grade
para um possível festival de mímica a ser realizado por uma unidade de um SESC do
interior do estado em Janeiro ou Fevereiro de 2018. Lá fui eu, com toda minha
melhor boa vontade, reunir mímicos com trabalhos consolidados para tal
evento. Falei com “profissionais” na maioria do estado de São Paulo e alguns de
outros estados, como Everton Ferre, que conheci em Curitiba, estando eu de
passagem por lá, antes de me radicar em Porto Alegre - RS, no ano de 1987.
Everton fala da
importância de se ter um festival de mímica e ainda sugere: – “Diz para o
programador do SESC não se preocupar com o meu cachê, eu prefiro rodar o chapéu
mesmo. Mando um termo de compromisso de que meu espetáculo será
sem cachê e que eu mesmo pagarei as minhas dispensas na cidade”.
Everton é um idealista que se mantém fiel aos seus valores,
apesar de ter aproximadamente a minha idade. Tudo bem que na região sul as
pessoas estão acostumadas a colaborar com os artistas no chapéu. Já tentei
copiar sem êxito aqui, em São José dos Campos, uma coisa que ele faz lá no sul,
ou seja, me apresentar nas escolas na base de rodar o chapéu. Pelo geral eu
consigo meu dinheiro na rua quando pego as pessoas sentadas num bar ou
restaurante e consigo prender a atenção delas durante um bom tempo.
O trabalho do Everton é técnico e detalhista. Ele apresenta
um mesmo tipo de esquema independente do espaço, seja rua, pátio de escola,
teatro, etc, que consiste numa série de esquetes de mímica, as quais realiza há anos.
Bem diferente do meu, que é mais espontâneo, na base do improviso e do
confronto direto com o público, independente do esquema.
Parece que a galera de teatro de São José dos Campos entende
e dá valor ao meu trabalho, tanto assim que me convidou a participar do “Entreatos”, que é uma mostra que traz uma intensa programação em diferentes tipos de
espaço em várias regiões da cidade. Apresentarei “As Peripécias do Mímico
Andarilho”, espetáculo que fala justamente da utópica visão de mundo de quem
vive da arte na base de rodar o chapéu...
O Mímico Everton https://www.facebook.com/mimicoeverton/ |