terça-feira, 9 de setembro de 2014

"Ação Brincante" no FESTIVALE 2014


Acabei de realizar minha atividade de quatro dias de intervenções pelos bairros de São José dos Campos com o projeto que chamei "Salve o Brincante", mas acho que o nome mais apropriado teria sido "Ação Brincante".


Dessa vez optei em sair da forma mais leve possível, como mímico-palhaço, montado na minha bicicletinha “Berlineta”, levando minha própria trilha sonora de banda "big ben" de rua amplificada a minha caixinha de cintura. Funcionou muito bem. Minha proposta foi o clown puro solto no meio do povo. Saindo de um ponto determinado  ia realizando intervenções com as pessoas que encontrava pelo caminho e de vez em quando parava e fazia mini espetáculos. No final me apresentava e aproveitava para divulgar o festival.

O Clown puro é o palhaço que mora dentro de cada um de nós. Ficando em equilíbrio, a comunicação se estabelece desde um ponto zero que consiste em não se fazer nada, ficando totalmente neutro. A partir de ai começa um jogo de ação e reação onde se improvisa junto com o público. Parece fácil mas é extremadamente difícil, já que a tendência natural é pensar.

Foto de Fernando Carvalho

Quando se vai brincar com um grupo de pessoas que estão no seu habitat natural, acaba tendo que se lidar com o comportamento social. Teve momentos muito bons, como um em que quase entrei dentro de um ônibus com minha bicicleta carregada de coisas. Depois apostei corrida com o motorista. A plateia era formada pelas  pessoas que estavam no ponto. 

No Parque da Cidade, teve uma criança que ficava me imitando, dançando de forma desengonçada que nem eu. Eu me mostrei chateado, peguei a bicicletinha e fui em cima dele. Ele saiu correndo de verdade, mas depois achou engraçado.  Seguidamente fiz um jogo com bola imaginária com um pai e um filho que estavam jogando futebol, mostrando o trajeto da bola em mímica. As pessoas riam muito. Tudo o que ia acontecendo somava com o jogo anterior. O jogo de improviso costuma durar aproximadamente uns vinte minutos, desde que começa a rolar, passando pelo seu ápice até a culminação de forma espontânea. Assim acontece quando vou rodar o chapéu nas ruas.

Foto de Fernando Carvalho

Uma coisa que deu para confirmar é que para o jogo acontecer melhor é preciso que exista um espaço físico livre em que as pessoas consigam enxergar as cenas  e facilite à interação com público. Na feira livre de Santana, por exemplo, acabou “rolando” porque era “fim de feira”...

No Brasil, "Brincantes" são por exemplo, os personagens do Bumba meu boi. Eu represento "a burrinha", personagem do auto, onde acabo misturando a técnica de mímica européia com o jogo de improviso que aprendi nas ruas, em quase três décadas de experiência.



2 comentários:

  1. Passei excelentes horas em companhia do Mímico Andarilho, fotografando sua performance no Festivale. Foram duas horas de muita diversão, de muita alegria e um rastro de sorrisos por onde passávamos. Muito além de uma experiência fotográfica, pude observar a quebra que a simples presença de um clown andando por aí, brincando com as pessoas, faz em suas rotinas: os sorrisos se prolongam até bem depois do 'palhaço' já ter ficado para trás. Desde o feirante, o passante apressado, os nem tão apressados assim, os que interagem, os que fogem. No fim das contas, todos precisam cruzar com um clown por aí de vez em quando.

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    1. Achei o Fernando por acaso, mas, como nada é por acaso, digamos que veio para somar...
      Obrigado!

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