quarta-feira, 30 de março de 2016

Arte Independente

Em época de crise a primeira coisa que o governo e as empresas cortam são os subsídios a manifestações artísticas. Esse ano, por exemplo, não terá “Virada Cultural Paulista”, da qual participei das últimas duas edições e o “Festival Literário da Mantiqueira” será realizado de forma independente, com a iniciativa da comunidade de São Francisco Xavier junto com artistas da região.

Se em São José dos Campos a prefeitura parou de contratar eventos artísticos, imagine como será em municípios de menor porte, inclusive tratando-se de ano de eleições para prefeito. A Fundação Cultural de São José, por exemplo, tem destinada verba só para ganhadores dos Editais “Circulação” e do “Fundo Municipal de Cultura”. 

O que me resta é esperar a maré da crise política passar para concretizar o meu anseio que é viajar mais. Por enquanto, o jeito e virar-me  no chapéu, como sempre fiz, trabalhando de forma independente para os turistas que frequentam Campos do Jordão.

Lugar turístico é mais o menos assim, as pessoas ficam sentadas em bares e restaurantes, ou então andando, tirando fotos de tudo e se mostrando, formando juntas um mesmo bolo de gente. É por causa disso que as minhas apresentações acontecem melhor quando o lugar está mais vazio, como foi no último feriado da Páscoa, onde acabei conseguindo meu objetivo só nos últimos dois dias, em que estava mais tranqüilo para interagir. 

Fiquei “brincando” como mímico, em meio a crianças, adolescentes, adultos, idosos, cachorros, policiais, vendedores de bilhetes de loteria, etc. conseguindo agradar todos eles.



Me senti a própria raposa na fábula "A corte do Leão" de La Fontaine, que tem como moral da história, o seguinte:



"Se acaso na corte puderes entrar,
Faz sempre teu jogo com pau de dois bicos,
Terás a certeza de ali agradar"...





Como prêmio consolo, tive o privilégio de assistir a vários filmes de arte no Cine Clube Araucária, iniciativa do Senhor Cervantes e de outros cinéfilos moradores de Campos. O que mais gostei foi “Séraphine”, belo filme co-produção Franco-Belga dirigida por Martin Provost, que conta a história da desconhecida pintora autodidata Séraphine Senlis.

O Cine Clube Araucária acontece pelo geral no Espaço Cultural Dr. Além (Antigo Cine Glória) situado na Avenida Doutor Januário Miraglia 1462, Vila Abernéssia, Campos do Jordão, SP.

Maiores informações sobre a programação:
https://www.facebook.com/cineclube.araucaria?fref=ts

Cartaz do filme


terça-feira, 15 de março de 2016

Atividade no "Teatro da Aldeia" em São José dos Campos

Entre a tristeza e a alegria,
Entre o medo e a fé,
Perambula meu sorriso de palhaço...
Vou para as ruas,
Sendo impulsionado por uma louca emoção infantil.
Sou ingênuo,
Fico exposto,
Muitas vezes a deriva.
As crianças pequenas são minhas cúmplices e minhas aliadas,
Nessa aventura do incerto.
“Andarilho do nariz vermelho”,
Tendo como ferramenta simplesmente o meu corpo,
Sobrevivo muitas vezes da vontade alheia,
Recolhendo meus ganhos no chapéu ou na minha caneca,
como faço agora com vocês...

Esses versos, recitados no final de “As Peripécias do Mímico Andarilho” eu os escrevi a pedido de Adriana Barja, que foi quem me orientou nessa nova aventura de reformulação de espetáculo, que culminou com uma apresentação seguida de um Workshop realizado no “Teatro da Aldeia”, onde ela é uma das responsáveis.

Como o tenho feito em várias cidades do Cone Leste Paulista, pela Secretaria do Estado da Cultura, ao longo desses anos, desde 2009, essa atividade de “Formação de Público” atingiu alunos de nível intermediário de teatro.

Foto de Adriana Barja

Legal também foi o debate após o espetáculo onde rolaram perguntas interessantes, como a de uma moça, que quis saber qual era a diferencia de apresentar no Brasil a  de faze-lo na Argentina, a qual respondi que nenhuma, que a real diferença é a de você apresentar para gente pobre ou para gente com um poder adquisitivo maior. Comentei de que no Brasil o povo da periferia é bem parecido, seja no Estado de São Paulo ou no Maranhão, por exemplo.

Minha intenção é que essa atividade seja um pontapé inicial para uma nova etapa na qual pretendo viajar mais, levando meu trabalho para diferentes cidades, me apresentando tanto em lugares fechados de um jeito formal, como na rua, de forma espontânea, como o faço em Campos do Jordão.


Foto de Renato David oliveira

Segundo Adriana, o espetáculo tem potencial para ser apresentado em palco, mas eu pretendo dar umas palinhas dele nas ruas, apresentando-me como “palhaço flautista” e deixando fluir elementos da história junto ao improviso livre com o público.

Mas fotos sobre a atividade:
https://www.facebook.com/media/set/?set=a.824056571034375.1073741840.306038282836209&type=3&uploaded=14