sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

E o dinheiro rolou pelo chão...


Muitas vezes as crianças choram ao ver um rosto branco, especialmente as menores, de dois anos de idade, já que elas estão em fase de descoberta do mundo. Algumas ficam olhando, atraídas, estando longe do palhaço, mas, se chegar perto, lá vem o choro. Tem criancinhas que não tem medo de nada, ao contrário, montam na garupa da minha “burrinha” ou então ficam dançando ao ouvir o som de jazz saindo da caixinha de som pressa a minha cintura.
Gosto de respeitar a livre expressão das crianças e apreender com elas.
É uma luta fazer entender aos adultos pais sobre a importância de deixar fluir a reação espontânea dos pequenos e de como isso às vai tornar pessoas mais seguras e independentes. Crianças com pais mais desencanados, que deixam seus filhos expressar-se naturalmente, são mais felizes.
No outro dia aconteceu um fato interessante, na frente de um restaurante onde eu me apresentava, em Campos do Jordão. Numa mesa tinha uma menina dessas de dois anos de idade que ficou encantada na minha presença, levantou e começou me olhar desde o seu mundo. Eu tentei interagir com ela sem invadi-la, como sempre o faço Os pais da menina, sentados á mesa, tentavam traduzir para ela o que estava acontecendo entre nós. O pessoal das outras mesas ficou observando o momento de “encanto” da relação entre palhaço e criança. A brincadeira de ação e reação durou um bom tempo, com a interferência dos pais da criança, é claro. No final, para estragar de vez história, a mãe da menina colocou dois reais na mão da pequena e a obrigou a me entregar, como pagamento pelo meu serviço. A menina, sem entender a situação, jogou os dois reais no chão. A mãe pegou a nota do chão instigando a menina a me entregar. Está jogou o dinheiro no chão novamente e começou chorar. No ato, eu peguei os dois reais e repeti a ação da menina, pegando e jogando a nota para vários lugares do chão. A menina parou de chorar de repente. Senti que o público ficou meio chocado pelo fato de eu estar literalmente “Jogando dinheiro no chão”. No fim, fechei a apresentação, coloquei a nota no meu bolso e continuei minha caminhada pelas ruas. Dinheiro não é tudo na vida. Quem sabe essa criança continue ficando encantada diante da presença do palhaço... 

Foto de Ricardo de Paula



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