Entre a tristeza e a alegria, entre o medo e a fé, perambula meu sorriso
de palhaço. Vou para rua impulsionado por uma louca emoção infantil. Sou
ingênuo, acredito na bondade alheia...
Encarar
o trabalho no sentido social onde, às vezes, é mais importante o diálogo com as
pessoas do que a estética propriamente dita. Se doar, assim como fez o Príncipe
Feliz do conto do Escritor Irlandês Oscar Wilde que é o personagem principal da história que apresentamos dentro do projeto “Dois Brincantes e o Príncipe Feliz na
Praça do Bairro” ao longo do segundo semestre de 2019, quando contamos com o
financiamento do Fundo Municipal de Cultura da cidade de São José dos Campos. O
teatro popular no Brasil sempre se caracterizou por refletir a realidade das
pessoas mais necessitadas. No meu caso não é só isso, já que quando vou para
rua com “a cara e a coragem” acabo levando essa linguagem simples, "ingênua, para
todas as camadas sociais. Ainda continuo me apresentando na cidade turística de
Campos do Jordão como há vinte e cinco anos atrás, mesmo sem apoio. O que me
faz continuar subindo a serra, como fiz no último feriado de carnaval, é a
convivência com as pessoas que frequentam a cidade e me conhecem desde longa data, com as
quais tenho um trato “humano”.
Cito
o exemplo de uma menina de seis anos de idade, há qual “animei” seu aniversário
de um ano, que me surpreendeu com seu abraço ou o de um grupo de turistas da
cidade de Recife que há oito anos passa o carnaval em Campos e fica feliz
quando me vê. Um casal tira uma foto de lembrança comigo enquanto me pergunta
se sou italiano. A simpática garota novinha que trabalha na frente de um
restaurante recebendo os fregueses me disse em tom animador que quando estou
presente na rua é bem melhor, já que a arte, apesar de nem sempre ser
valorizada, é muito importante na vida das pessoas. Aliás, os funcionários dos
restaurantes em geral, na sua maioria jovens, me tratam com verdadeiro carinho.
O melhor momento do carnaval, sem duvida, foi no Domingo de manhã, quando
sentei no palco vazio da concha acústica da praça de Capivari caracterizado de
palhaço, na saída da missa, e tirei da minha pequena mala a estante e a pasta
com partituras, para tocar o repertório de música popular que pratico durante
horas na minha flauta transversal, acompanhado pelas bases de play back
amplificadas pela caixinha de som presa à minha cintura. No fim tinha uma
galera sentada ao meu lado, assistindo e batendo palmas a cada
música. A acústica do local envolve a praça inteira. O show acabou com um
dinheiro razoável na minha caneca de papelão e um casal de turistas que me
conhece há anos tirando foto comigo orgulhosos de saber que toco um
instrumento.
"Eu fui ingênuo porque acreditei no amor. Mas, pelo menos, jamais me entreguei à dor..."
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