terça-feira, 18 de janeiro de 2022

Revendo Hans Staden


Depois de quatro meses ausente desse blog, tomo como referência “As aventuras de Hans Staden”, de Monteiro Lobato, para falar de como sinto o momento atual.

Trechos de história narrada por Dona Benta a Narizinho e Pedrinho:

- Os conquistadores do Novo Mundo, tanto os portugueses como os espanhóis, eram mais ferozes que os próprios selvagens. Um sentimento só os guiava: a cobiça, a ganância, a sede de enriquecer, e para o conseguirem não vacilaram em destruir nações inteiras, como os astecas no México ou os incas no Peru, povos cuja civilização já era bem adiantada.

- O direito dos portugueses era o direito do mais forte. Os índios deixaram-se vencer e desse modo perderam a terra que até então haviam possuído.

- A história da humanidade é uma pirataria que não tem fim. O mais forte, sempre que pode, depreda o mais fraco.

- “A fabula do lobo e o cordeiro” (falou Pedrinho).

Até hoje no Brasil continua acontecendo esse fenômeno. Queimadas, desmatamento, assassinato de indígenas e de militantes ambientalistas. Tudo pela lei da ganância em detrimento da natureza. Assim acontecem as drásticas mudanças climáticas, as catástrofes naturais e as pandemias ou “sindemias”, já que a falta de planejamento demográfico das cidades favorece as aglomerações das pessoas mais pobres, que muitas vezes tem que conviver com a falta de saneamento básico, além da fome.

O livro de Monteiro Lobato mostra como Hans Staden se aproveita do respeito e temor às divindades da natureza por parte dos indígenas para conseguir sobreviver sem ser devorado pelos Tupinambás..

Hans concentrou-se e pediu a Deus nesses termos: - “Ó tu, Deus onipotente, que auxilias os que te imploram, mostra tua força a estes pagãos, por forma que eu sabia que estás comigo e eles vejam que me ouviste”.

Cada selvagem possuía o seu maracá e o acomodava numa cabana especial, onde lhe dava de comer e o consultava sobre tudo.

Os franceses vinham todos os anos trazer-lhes facas, machados, espelhos, pentes e tesouras, levando em troca pau-brasil, algodão, penas e pimenta.

Os dois anos sem ir “brincar” na rua me fizeram migrar para os editais. Encontrei no audiovisual uma forma de poder exercer tanto a escrita como a atuação e a experimentação da sonoplastia. Além do mais, o vídeo documentário casa perfeitamente com a arte de rua no sentido de se dar com a realidade do cotidiano, do inesperado. A gente vai criando com as imagens que vai colhendo no decorrer do processo.

Com o Projeto da minha autoria “A Arte da Palhaçaria”, financiado pelo Edital Festivais e Mostras 2021, do Fundo Municipal de Cultura da cidade, que contou com a equipe profissional da produtora Oversonic Music, acabei virando entrevistador dos meus colegas de trabalho para desvendar a origem do palhaço de cada um e o poder de transformação que ele exerceu nas suas vidas.

O meu espetáculo “Milongas Sentimentais”, que explora elementos da cultura popular latino-americana e suas raízes africana, indígena e europeia, teve sua primeira crítica no último Festivale - Festival de Teatro da cidade de São José dos Campos - numa apresentação híbrida, sendo a primeira com público desde o começo da pandemia.

Estou com apresentações presenciais dos  meus espetáculos marcadas para este mês de Janeiro, em que o avanço de uma variante da Covid 19 junto com o brotar de um novo tipo de gripe nos deixa com uma certa sensação de angústia provocada pela dúvida e a incerteza, assim como devia sentir-se na época o alemão Hans Staden.

Perto de Hans estava um menino a roer uma canela do maracajá. Esse espetáculo horrorizava ao alemão, que mandou o pequeno a deitar fora daquilo. O menino não fez caso e continuou a roer o osso...




Link de Página de Projeto “A Arte da Palhaçaria”:

https://www.facebook.com/Projeto-A-Arte-da-Palha%C3%A7aria-105978891823107

Link de Página da Companhia “Milongas Sentimentais” de Teatro Popular:

https://www.facebook.com/Milongas-Sentimentais-Teatro-Popular-173882529422531