Depois de
quatro meses ausente desse blog, tomo como referência “As aventuras de Hans
Staden”, de Monteiro Lobato, para falar de como sinto o momento atual.
Trechos de
história narrada por Dona Benta a Narizinho e Pedrinho:
- Os conquistadores do Novo Mundo,
tanto os portugueses como os espanhóis, eram mais ferozes que os próprios
selvagens. Um sentimento só os guiava: a cobiça, a ganância, a sede de
enriquecer, e para o conseguirem não vacilaram em destruir nações inteiras, como
os astecas no México ou os incas no Peru, povos cuja civilização já era bem
adiantada.
- O direito dos portugueses era o
direito do mais forte. Os índios deixaram-se vencer e desse modo perderam a
terra que até então haviam possuído.
- A história da humanidade é uma
pirataria que não tem fim. O mais forte, sempre que pode, depreda o mais fraco.
- “A fabula do lobo e o cordeiro”
(falou Pedrinho).
Até hoje no
Brasil continua acontecendo esse fenômeno. Queimadas, desmatamento, assassinato
de indígenas e de militantes ambientalistas. Tudo pela lei da ganância em
detrimento da natureza. Assim acontecem as drásticas mudanças climáticas, as
catástrofes naturais e as pandemias ou “sindemias”, já que a falta de
planejamento demográfico das cidades favorece as aglomerações das pessoas mais
pobres, que muitas vezes tem que conviver com a falta de saneamento básico,
além da fome.
O livro de
Monteiro Lobato mostra como Hans Staden se aproveita do respeito e temor
às divindades da natureza por parte dos indígenas para conseguir sobreviver sem
ser devorado pelos Tupinambás..
Hans concentrou-se e pediu a Deus
nesses termos: - “Ó tu, Deus onipotente, que auxilias os que te imploram,
mostra tua força a estes pagãos, por forma que eu sabia que estás comigo e eles
vejam que me ouviste”.
Cada selvagem possuía o seu maracá e
o acomodava numa cabana especial, onde lhe dava de comer e o consultava sobre
tudo.
Os franceses vinham todos os anos
trazer-lhes facas, machados, espelhos, pentes e tesouras, levando em troca
pau-brasil, algodão, penas e pimenta.
Os dois anos
sem ir “brincar” na rua me fizeram migrar para os editais. Encontrei no
audiovisual uma forma de poder exercer tanto a escrita como a atuação e a
experimentação da sonoplastia. Além do mais, o vídeo documentário casa perfeitamente
com a arte de rua no sentido de se dar com a realidade do cotidiano, do
inesperado. A gente vai criando com as imagens que vai colhendo no decorrer do
processo.
Com o
Projeto da minha autoria “A Arte da Palhaçaria”, financiado pelo Edital Festivais
e Mostras 2021, do Fundo Municipal de Cultura da cidade, que contou com a
equipe profissional da produtora Oversonic Music, acabei virando entrevistador
dos meus colegas de trabalho para desvendar a origem do palhaço de cada um e o
poder de transformação que ele exerceu nas suas vidas.
O meu espetáculo
“Milongas Sentimentais”, que explora elementos da cultura popular
latino-americana e suas raízes africana, indígena e europeia, teve sua primeira
crítica no último Festivale - Festival de Teatro da cidade de São José dos
Campos - numa apresentação híbrida, sendo a primeira com público desde o começo
da pandemia.
Estou com
apresentações presenciais dos meus
espetáculos marcadas para este mês de Janeiro, em que o avanço de uma variante
da Covid 19 junto com o brotar de um novo tipo de gripe nos deixa com uma certa
sensação de angústia provocada pela dúvida e a incerteza, assim como devia
sentir-se na época o alemão Hans Staden.
Perto de Hans estava um menino a roer
uma canela do maracajá. Esse espetáculo horrorizava ao alemão, que mandou o
pequeno a deitar fora daquilo. O menino não fez caso e continuou a roer o
osso...
Link de
Página de Projeto “A Arte da Palhaçaria”:
https://www.facebook.com/Projeto-A-Arte-da-Palha%C3%A7aria-105978891823107
Link de
Página da Companhia “Milongas Sentimentais” de Teatro Popular:
https://www.facebook.com/Milongas-Sentimentais-Teatro-Popular-173882529422531
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