Pedalando rumo ao centro turístico de Capivari, me
questionando sobre qual é o sentido do meu trabalho em Campos do Jordão,
encontro pelo caminho um crente que me diz em voz baixa “trabalha para Deus". Num lugar onde predomina o valor do dinheiro e do consumo e o
sonho da maioria é ser aquele empresário bem sucedido que passeia na sua
Ferrari acompanhado de uma bela mulher, qual é o sentido do palhaço no meio da
rua?
Símbolo de poder e de glória |
Penso na fraude do
velho trapaceiro do conto “O Viajante do tempo” de Ray Bradbury
Nós conseguimos! – dissera – Nós chegamos lá! O futuro é
nosso! Nós reconstruímos as cidades, melhoramos as aldeias, despoluímos os
lagos e os rios, limpamos o ar, salvamos os golfinhos, aumentamos a população
das baleias, acabamos com as guerras, lançamos estações solares no espaço para
iluminar o mundo, colonizamos a Lua, chegamos até Marte e depois até Alpha
Centauri. Descobrimos a cura do câncer e vencemos a morte. Fizemos tudo isso.
Oh, que surjam as belas e radiosas espirais do futuro!
Mostrara fotos, trouxera amostras, distribuíra fitas
gravadas, discos, filmes e cassetes sobre seu vôo maravilhoso, extraordinário.
O mundo todo havia enlouquecido de alegria e todos competiram para fabricar
aquele futuro, fundar as cidades prometidas, salvar todos os animais e compartilhar
com eles o oceano e a terra...
Enquanto acontece o “Rio+20” vejo a contradição que existe entre
crescimento econômico e preservação ambiental, tomando como exemplo a
exploração e o consumo do petróleo. O discurso do governo é de que a riqueza extraída
do pré-sal vai servir para diminuir a pobreza no Brasil.
Eu vou pedalando e pensando, levando a alegria e a ingenuidade do palhaço, acreditando num mundo melhor para todos nós...
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