Ainda existem lugares na noite de São José dos Campos em que
é possível realizar o trabalho de interação. Prova disso, foi a última noite de
sexta feira, em que saí para “brincar” livremente. Fui de bicicleta, carregando
meu material de trabalho e a boneca de dançar “Maria Antônia”. Para dar certo,
precisa de espaço de respiração, ou seja, certa distância com o público para
estabelecer o diálogo. Escolhi um local novo, perto do centro, que reúne todas
as qualidades. É aberto e com mesas na calçada. Fica num cruzamento de ruas não
tão movimentadas, então dá para trabalhar com o movimento das ruas e assim
chamar a atenção das pessoas que estão sentadas às mesas. O que ajudou também
foi que o músico, que estava realizando um som ao vivo, entrou na brincadeira e
topou improvisar junto. Não é sempre que isso acontece. Grande Renato, que
conheci na horinha e deu má força. Parecíamos uma dupla ensaiada. Sim, a arte
de rua pode ser realmente mágica, e quem o faz possível é quem está assistindo,
como em todo tipo de arte cênica.
Depois disso desci o morro até a Vila Maria, onde “brinquei”
no bar do Português, como antigamente. Lá é muito bacana, já que é povoado de
pessoas simples. Aliás, infelizmente, é o melhor público para se lidar, já que
não tem frescuras. Digo isso porque com os mais “requintados” tem ficado bem
mais difícil o diálogo. Na zona nobre, onde fui na sequência, as pessoas de
classe média se escondem detrás das vitrines, em estabelecimentos que parecem
gaiolas de vidro ou confinamentos do “Big Brother”. Juro que não é preconceito.
É o que acontece com as cidades quando crescem, vão perdendo a ingenuidade, a
boa característica de serem do interior. Mesmo assim, encontrei, aqui ou acolá,
uns lugares para infiltrar-me (palhacinho dos olhos verdes). Consegui arrancar
risadas de pessoas chiques e comentar de que ainda vale a pena valorizar o lado
humano.
Foto tirada por Thunder Dellú. No bar "Português", junto com a boneca "Maria Antônia",feita pelo Mestre Piauiense "Afonso Miguel". |
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