“Madeira que cupim não roí”.Essa marchinha, interpretada
por Antônio Nóbrega, nos acompanhava quando apresentávamos, junto com minha
ex-companheira Silvia Nery, o espetáculo “A Pastora Marcela”, nas escolas
públicas da periferia da Zona Oeste da cidade de São Paulo, lá para finais da
década de noventa e comecinho da de dois mil. Para mim não mudou muita coisa,
já que continuo meu trabalho independente, ora contratado por alguma
instituição tipo SESC ou Secretaria de Cultura Municipal ou Estadual, ora me
apresentando em alguma escola, ou na rua, de forma espontânea, na base de
rodar o chapéu. Tem acontecido isso nesses últimos dias, na cidade onde eu
moro, São José dos Campos. Saio pelo geral à noite, pedalando minha bicicleta
equipada e carregando algum boneco da cultura popular (burrinha ou boneca de
dançar), além de som, etc.
Teatro de intervenção urbana, na base de forte explosão
corporal e contato direto com as pessoas. Pelo geral faço um estudo prévio dos
locais escolhidos para o trabalho. Cruzamentos, nos quais existe uma praça, uma
sorveteria, gente sentada na calçada, etc. Assim aconteceu no sábado, em que
apresentei para uma comunidade simples de bairro, num local com boa
luminosidade, onde tinham crianças nos brinquedos de uma praça que ficava numa
esquina, pessoas sentadas na calçada, fila para entrar numa lanchonete que
serve açaí e, num outro canto, pessoal do bairro batendo papo. Consegui
envolver todo mundo com um movimento ágil. Cheguei de mansinho, encostei a
bicicleta num canto e me maquiei perto dos brinquedos, sentado na mureta que
protege a areia. Já pronto, liguei meu som de cintura e pulei para dentro da
“arena”. Como mímico, Interagi com as crianças que estavam nos brinquedos e fui indo para o meio da rua, para atingir tudo mundo, pessoas
sentadas, transeuntes, carros, pessoas na fila da lanchonete, etc. Depois,
trouxe a bicicleta para o centro do “quadrilátero”, tirei a boneca “Maria
Antônia” e dancei um forro do meu jeito. No final, me apresentei, agradecendo à Comunidade e rodei o chapéu. Fui embora caracterizado, pedalando minha
bicicleta ao som de jazz de rua e dando tchauzinho para o público que
respondia da mesma forma. Continuei minhas “andanças” pelas ruas da cidade. No
percurso, realizei intervenções em dois restaurantes, nos quais, pelo geral,
costumo me apresentar.
Cito uma cena que marcou a minha despedida. Empinei a lua cheia, a amarrei a um poste e
ainda respondi ao menino chamado Rafael, de uns quatro anos de idade, quando me
perguntou qual era o meu próximo destino no pedal, "Transformarei a minha
bicicleta num foguete espacial e irei para lua...” E ele ficou gritando na
minha partida "À lua, à lua...!”.
http://mimicoandarilho.blogspot.com.br/2016/07/inter-acao.html
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Foto de Ricardo de Paula |
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