quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Sobre madeira e sonhos...

“Madeira que cupim não roí”.Essa marchinha, interpretada por Antônio Nóbrega, nos acompanhava quando apresentávamos, junto com minha ex-companheira Silvia Nery, o espetáculo “A Pastora Marcela”, nas escolas públicas da periferia da Zona Oeste da cidade de São Paulo, lá para finais da década de noventa e comecinho da de dois mil. Para mim não mudou muita coisa, já que continuo meu trabalho independente, ora contratado por alguma instituição tipo SESC ou Secretaria de Cultura Municipal ou Estadual, ora me apresentando em alguma escola, ou na rua, de forma espontânea, na base de rodar o chapéu. Tem acontecido isso nesses últimos dias, na cidade onde eu moro, São José dos Campos. Saio pelo geral à noite, pedalando minha bicicleta equipada e carregando algum boneco da cultura popular (burrinha ou boneca de dançar), além de som, etc.

Teatro de intervenção urbana, na base de forte explosão corporal e contato direto com as pessoas. Pelo geral faço um estudo prévio dos locais escolhidos para o trabalho. Cruzamentos, nos quais existe uma praça, uma sorveteria, gente sentada na calçada, etc. Assim aconteceu no sábado, em que apresentei para uma comunidade simples de bairro, num local com boa luminosidade, onde tinham crianças nos brinquedos de uma praça que ficava numa esquina, pessoas sentadas na calçada, fila para entrar numa lanchonete que serve açaí e, num outro canto, pessoal do bairro batendo papo. Consegui envolver todo mundo com um movimento ágil. Cheguei de mansinho, encostei a bicicleta num canto e me maquiei perto dos brinquedos, sentado na mureta que protege a areia. Já pronto, liguei meu som de cintura e pulei para dentro da “arena”. Como mímico, Interagi com as crianças que estavam nos brinquedos e fui indo para o meio da rua, para atingir tudo mundo, pessoas sentadas, transeuntes, carros, pessoas na fila da lanchonete, etc. Depois, trouxe a bicicleta para o centro do “quadrilátero”, tirei a boneca “Maria Antônia” e dancei um forro do meu jeito. No final, me apresentei, agradecendo à Comunidade e rodei o chapéu. Fui embora caracterizado, pedalando minha bicicleta ao som de jazz de rua e dando tchauzinho para o público que respondia da mesma forma. Continuei minhas “andanças” pelas ruas da cidade. No percurso, realizei intervenções em dois restaurantes, nos quais, pelo geral, costumo me apresentar.

Cito uma cena que marcou a minha despedida.  Empinei a lua cheia, a amarrei a um poste e ainda respondi ao menino chamado Rafael, de uns quatro anos de idade, quando me perguntou qual era o meu próximo destino no pedal, "Transformarei a minha bicicleta num foguete espacial e irei para lua...” E ele ficou gritando na minha partida "À lua, à lua...!”.

https://www.youtube.com/watch?v=faqD1rv171c


http://mimicoandarilho.blogspot.com.br/2016/07/inter-acao.html


http://mimicoandarilho.blogspot.com.br/p/intervencoes.html


Foto de Ricardo de Paula

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