terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

São José e sua nova turma de Artistas de Rua

Vejo que mudou, que hoje existem vários artistas apresentando-se nas ruas da cidade de São José dos Campos. Ainda bem. Conheci o Thiago Silva, um menino jovem de circo, morador da periferia, que fica no semáforo fazendo seus malabares, o Carlos Cesare, um cara mais o menos da minha idade, que voltou para a terra natal, se intitula de “Pós-palhaço” e se apresenta na praça do bairro do Aquarius e o Andrés Escuelita, um uruguaio meio hippie, de passagem pela cidade, que tive o prazer de conhecer e realizar uma performance em conjunto. Andrés, hoje vindo de Paraty - RJ, viaja carregando, entre outras coisas, dois saxofones, uma quena e uma mala com objetos do seu espetáculo de palhaço. Ele disse que fica tocando saxofone no “farol de longa duração” em frente ao Shopping Colinas, na zona nobre da cidade. A performance espontânea com Andrés se deu no último domingo, na feira livre do bairro de Santana, enfrente ao “bar do Rubão”, sede do bloco “Uai Folia”, sobre a responsabilidade do grupo Velhus Novatus. Estávamos conversando em espanhol até ele pegar o seu saxofone. Ao ouvi-lo tocar o tal, lhe propus fazer uma performance espontânea de mímica com as pessoas que ainda circulavam no final de feira, enquanto ele tocava seu sax tenor. Topou na hora. Foi muito legal, apesar da insegurança do Andrés, que, sem acreditar no seu impulso de improvisador nato, queria a todo custo tocar algum “tema” para cada situação que se dava. Com a apresentação, de cara lavada e nariz de palhaço, arrancamos risadas das pessoas que estavam presentes no local. Uma senhora que estava sentada no bar disse entusiasmada: “Às vezes, a gente não percebe quanto é bom dar umas boas risadas. Continuem assim”. Devo reconhecer que, apesar de sentir-me melhor quando sou contratado, saio na programação de alguma instituição e sou bem pago pelo serviço, a arte de rua tem uma função social fortíssima, já que convive com o cotidiano das pessoas. Conversando com meus colegas de trabalho, chegamos à conclusão de que a arte de rua deve atuar assim mesmo, sem regras ou aviso prévio. Atividade meio a lá “Pedro Malasartes”: quando você viu, já foi...

Em meio à crise política e financeira que atravessa o país, em meio à crise de identidade das pessoas, ao caos urbano, ao poder hipnótico do celular, o artista de rua vem auxiliar no sentido de humanizar, fazendo parte de uma corrente de pessoas que atuam na contramão do estabelecido e unem forças para criar um mundo melhor para todos.

Foto de Alisson Eli














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