“Vagabundos são aqueles que vivem em liberdade". Palavras de um senhor artesão de Campos do
Jordão.
Curioso, mas, Carlitos, o personagem de Charles Chaplin, era
chamado de vagabundo ou de andarilho.
O mais rico da minha função de “andarilho” está nas pequenas
experiências das ruas, quando me apresento espontaneamente, como mímico-palhaço.
Da minha experiência no carnaval de 2017, na cidade turística
de Campos do Jordão:
Sabe aquelas pessoas que você percebe de cara que não são
brasileiras? Pois bem, sentadas na frente do badalado restaurante “Baden
Baden”, em Campos do Jordão, estava um casal e seus três filhos pequenos. Um
menino de mais o menos seis anos de idade e suas irmãs de aproximadamente
quatro e dois anos, respectivamente, os três ruivos, de olhos azuis e cheios de
sardas. Brinquei com o menino indicando as suas sardas no rosto como se fossem
pontinhos. Depois cheguei perto e me fingi preocupado com a sua saúde, achando
que tivesse contraído algum vírus tipo sarampo. Medi a sua febre, etc. Ele
achou tudo engraçado. Depois olhei para suas duas irmãs e vi que elas também
tinham o mesmo tipo de “vírus”. Os três sorriram. Perguntei para a mãe de onde
eles eram e ela respondeu serem dos EUA. Terminei essa apresentação, num
canto do restaurante, e fui para outra, no meio da rua. A menina menor me
seguiu. De repente senti um pequeno ser abraçando as minhas pernas e dizendo
“palhaço”. Eu acariciei a sua cabeça e a afastei um pouquinho para poder continuar
com a apresentação, mas, daqui a pouco ela estava ai de novo, presa às minhas
pernas, como só criança pequena sabe fazer. A mãe dela acompanhava a cena a
uns dois metros de distância, com receio da menina se machucar no meio da
multidão. Tive que parar a história, pegar a menina no meu colo, e entregar à mãe, enquanto ela repetia “Palhaço, palhaço...” Bom, o casal ou o pai eram
americanos, mas os filhos falavam português fluentemente. Fiquei pensando no
ódio racial, em branco, preto, árabe, etc. Me lembrei daquelas imagens de
internet mostrando criancinhas brancas mortas por terroristas naquela escola
russa, daquela criança refugiada encontrada morta na praia. Pensei em crianças
que brincam no meio a bombardeios na Síria...
Na segunda-feira de Carnaval, realizei uma performance diferente na Praça de Capivari, na qual, depois de dançar com minha burrinha para uma turma de crianças pequenas, fiz elas experimentarem o gostinho, colocando, em cada uma, uma burrinha menor, que eu fiz, do tamanho delas, para brincarem junto comigo. Teve um menino que gostou mesmo e saio pulando no meio da turma. Crianças são todas iguais. Elas não têm culpa de nada e absorvem o mundo que nós, adultos, lhes apresentamos...
Brincando de burrinha, na praça de Capivari, em Campos do Jordão - SP (Carnaval 2017). |
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