quinta-feira, 18 de maio de 2017

O Sertão é a rua...

Ir para rua, para o brincante, não é simplesmente apresentar uma estrutura de teatro de rua, é se expor ao que der e vier. Por isso é que ele acaba de certa forma absorvendo a realidade como ela é. Em Campos do Jordão, onde me apresento, a realidade é um pouco “um sonho”, já que se trata de uma cidade turística onde as pessoas vão procurar algo diferente do seu lugar de origem, com o seu cotidiano de trabalho, estudo, etc.

O certo é que hoje em dia parece estar tudo conturbado independente do lugar. No Sábado, de dentro do ônibus em que estava, quase chegando em Campos, dei de cara com um acidente fatal na estrada, em que o motorista de um carro perdeu o controle do seu veiculo na curva e foi parar debaixo de um ônibus que descia a serra.

No Domingo, fiquei sabendo que num outro local da cidade, no mesmo final de semana, teve um atropelamento.

Enquanto isso, em São José dos Campos, a Prefeitura tenta aprovar uma lei em que se proíbe aos malabaristas circenses de se apresentarem nos semáforos, tratando-os inclusive, como se fossem mendigos ou coisa parecida.

Transcrevo aqui as palavras do Thiago Silva, jovem malabarista que atua nos sinais de São José dos Campos:

-Acho muito massa os artistas de rua. O Artista é um propagador de cultura e se não houvesse motoristas imprudentes o risco seria bem menor. É uma profissão e contém riscos como todas as outras. As pessoas que falam "tem que tirar porque é perigoso”, às vezes, são as mesmas que acham estar numa competição cujo sinal amarelo ao invés significar "precaução" significa "acelera essa lata de sardinha aí, o meu". O Artista é quase um Agente de trânsito que chega em tu é fala: Calma aí respira, agora pode ir. "O Artista".


https://www.facebook.com/camarasjc/photos/a.488428617863120.109326.488405527865429/1372430136129626/?type=3

Semana passada, no Brasil, tivemos o falecimento do sociólogo, literato e professor universitário Antônio Candido. É tão bom ouvir um intelectual, independente da sua ideologia, falando, por exemplo, sobre temas como a Utopia e a escassez de grandes homens.

Falando em cultivo do caráter, o artista de rua é um sonhador que faz o seu trabalho impulsionado pela emoção, com a intenção de trazer alegria e reflexão ao mundo, sabendo que não vai enriquecer com sua profissão.


Entre tanta dificuldade que a gente encontra, cito uma frase do escritor mor Guimarães Rosa: “Para o artista toda limitação é estimulante...”.



Foto de Fernando Carvalho


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